Título: Na Espanha, Dilma defende euro e prega estímulo ao crescimento
Autor: Berlinck, Deborah
Fonte: O Globo, 20/11/2012, Economia, p. 18

Rei Juan Carlos pede que empresas brasileiras invistam no país.

Em visita oficial à Espanha - país que tem hoje o maior desemprego na Europa, acima de 25% - a presidente Dilma Rousseff fez uma defesa veemente do euro, atacou os que especulam contra a moeda e disse que o Brasil e o mundo não apenas podem como devem ajudar o continente a se reerguer de sua pior crise desde o pós-guerra. O Rei Juan Carlos, por sua vez, disse à presidente Dilma que o Brasil pode contar com as empresas espanholas para a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 e pediu mais investimentos para o seu país.

O monarca sugeriu medidas que facilitem "a estada temporária de profissionais espanhóis qualificados" e incentivou as empresas brasileiras a investirem na Espanha, segundo o jornal "El País":

- Nosso país tem uma das economias mais abertas do mundo, legislação favorável, moderna infraestrutura grande afinidade cultural.

Já Dilma defendeu que o euro não pode desaparecer:

- Há uma questão política central, que é a afirmação da importância do euro não só para a Europa como para o resto do mundo - afirmou.

Para a presidente, não só a crise europeia, mas o abismo fiscal americano, causam apreensão hoje na sociedade internacional. Em Madri, Dilma elogiou o projeto europeu, frisando que o euro é "uma das grandes contribuições" da Europa, e mostrou-se otimista:

- Acredito que a Europa tem todas as condições de sair da crise.

duas VISÕES diferentes

A presidente encontrou-se ainda com o presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy. Em entrevista conjunta à imprensa, a diferença de visão entre o líder espanhol e Dilma ficou evidente. Com a mesma ênfase com que a presidente repetia a palavra "crescimento", Rajoy falava em "ajuste, reforma estrutural e financiamento". Dilma disse que não tem pretensão de dar receita à Espanha, mas lembrou que o Brasil só perdeu, por duas décadas, seguindo a receita do Fundo Monetário Internacional (FMI) de arrocho fiscal.

- Só conseguimos modificar a situação do Brasil quando combinamos robustez fiscal, isto é, controle dos gastos públicos, com crescimento, controle da inflação com distribuição de renda, quando apostamos no mercado interno e no aumento das exportações - defendeu. - Tenho a firme convicção de que é fundamental o caminho de crescimento para a Europa.

Rajoy concordou que só ajuste fiscal não resolve. Mas afirmou que é preciso preparar terreno para o crescimento:

- Não há varinha mágica - retrucou.

Num seminário para empresários, Dilma lamentou o "desalento" dos europeus com o desemprego. E defendeu medidas anticíclicas por parte "principalmente dos países superavitários, que devem consumir e importar mais". Ela voltou a criticar o uso da moeda como instrumento de "protecionismo".