Título: Ações da Eletrobras têm nova queda, de 6,89%
Autor: Bôas, Bruno Villas
Fonte: O Globo, 23/11/2012, Economia, p. 35

Governo não deixará empresa perecer, diz presidente da EPE.

Em mais uma demonstração da insatisfação dos investidores com a adesão da Eletrobras às regras de renovação das concessões impostas pela Medida Provisória (MP) 579, as ações preferenciais (PN, sem direito a voto) da companhia caíram ontem 6,89%, a R$ 7,30, menor cotação desde 21 de maio de 2004. Foi a quinta queda consecutiva na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). A ação ordinária (ON, com voto) despencou 8,74%, a R$ 6,16, menor valor desde 9 de setembro de 2003. A Eletrobras perdeu mais R$ 784,8 milhões em valor de mercado, para R$ 8,6 bilhões. Desde a publicação da MP 579, a perda é de R$ 10,6 bilhões.

Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa, subiu 0,35%, aos 56.436 pontos. O volume negociado foi de apenas R$ 3,4 bilhões, bem abaixo do normal, devido ao feriado de Dia de Ação de Graças nos Estados Unidos. Mas, mesmo com a alta do Ibovespa, as empresas do setor elétrico perderam, juntas, R$ 462 milhões em valor de mercado ontem. Nos últimos cinco pregões, foram R$ 6,9 bilhões, e desde o lançamento da MP, R$ 35 bilhões.

- O pessoal só vê o preço da energia caindo, então pune empresas que, em tese, não deveriam ser punidas - diz Alexandre Montes, analista da consultoria Lopes Filho.

A Cemig, porém, subiu 4,65%, a R$ 23,87,devido ao fato de três de suas usinas não aceitarem as propostas.

Sem tempo para alterações

O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim, disse que o governo não deixará a Eletrobras "perecer", mas ressaltou que agora não cabe antecipar qualquer auxílio. Nos bastidores, o governo estuda capitalizar a empresa.

As empresas de energia não conseguirão alterar, por meio de emendas, as medidas previstas na MP 579 antes de 4 de dezembro, prazo para aceitarem ou não as novas regras. Até lá, o relatório da MP, do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), não estará concluído. Ou seja, apesar dos questionamentos em audiências públicas, nenhuma das propostas terá efetividade legal antes da decisão, o que implica a renovação das concessões até 2042 sob as regras da MP.