Título: Magno Malta nega favorecimento a ex-diretor
Autor: Herdy, Thiago
Fonte: O Globo, 29/11/2012, País, p. 4
Autor de recurso à Mesa Diretora do Senado para anular a votação que rejeitou o nome de Paulo Vieira para a diretoria da Agência Nacional de Águas (ANA) em 2009, o senador Magno Malta (PR-ES) negou ontem que tenha agido por orientação partidária. Embora a cada dia surjam novas revelações sobre a relação suspeita de Vieira com o deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP), o senador disse que não sabia que o diretor afastado da ANA era "one seven one" (171, estelionatário).
- Eu era líder do partido na época e assinei, como assinava um monte de coisa. Não sabia que ele era um rato. Se eu o vir na rua, não sei quem é. Se eu tivesse sido avisado de que ele era um ninja, um one seven one, não teria assinado - disse Malta.
Por pressão do Palácio do Planalto, quatro meses depois de rejeitar Vieira, o Senado aprovou, em abril de 2010, a indicação dele para o mesmo cargo, em um procedimento incomum. O pedido foi feito pelo então líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR), e colocado em votação pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Um mês antes do então presidente Lula formalizar a indicação de Vieira para a diretoria da ANA, o governo recebeu uma carta de três associações nacionais do setor pedindo que as três vagas abertas na diretoria da agência reguladora fossem preenchidas por "profissionais que não apenas tenham vocação para a gestão pública, mas que também sejam notoriamente reconhecidos pela competência técnica e científica".
A carta, que não citava nomes, foi enviada para os então ministros Dilma Rousseff (Casa Civil), Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Carlos Minc (Meio Ambiente), no dia 12 de novembro de 2009, pela pela Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRH), Associação Brasileira de Engenharia Sanitária (ABES) e Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (ABAS).
O documento não foi levada em conta. Vieira foi indicado para o cargo sem experiência no setor. Filiado ao PT, sua indicação foi puramente política, bancada pelo ex-ministro José Dirceu e pela então chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Noronha.
Vieira foi preso na última sexta-feira, na Operação Porto Seguro, acusado de chefiar um esquema de venda de pareceres técnicos em órgãos federais e agências reguladoras para beneficiar empresas privadas.