Título: Todas as cobranças do PR
Autor: Pariz, Tiago
Fonte: Correio Braziliense, 13/10/2009, Política, p. 6

Durante jantar com Dilma, partido vai finalmente apresentar lista de pedidos para fechar apoio à candidata de Lula

Luciano Castro: ¿Está passando da hora de uma conversa oficial. Ninguém ainda nos chamou¿

O PR entrou na mira da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência. O namoro começa hoje, quando ela receberá homenagem da legenda durante jantar, mas não é nada certo de que o gesto vá acabar em casamento. Na manga, o PR tem algumas cobranças a fazer.

A primeira delas é não ter sido chamado oficialmente pelo PT para a conversa sobre 2010. E a segunda é o apoio para o partido alcançar seus próprios objetivos em 2010: eleger três governadores e uma bancada de 45 deputados e seis senadores. O jantar é uma iniciativa do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, de aproximação de Dilma com a bancada de deputados e senadores. E foi pensado para ser uma celebração e não um jantar para, ao final, colocar a fatura na mesa.

¿Está passando da hora da conversa oficial, ninguém ainda nos chamou¿, disse o deputado Luciano Castro (PR-RR). ¿ Não há nenhum compromisso com a Dilma, é um jantar de confraternização. Mais para frente poderá haver uma aliança, aliás, a tendência é essa, marcharmos juntos¿, emendou o parlamentar.

O PR faz as cobranças para tentar elevar seu preço nas negociações sobre 2010 e não ser tratado pelo PT como secundário ou algo dado como certo. Tanto que uma parte da bancada do PR se reuniu recentemente com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, um dos pré-candidatos do PSDB à Presidência da República. ¿Estamos fazendo uma rodada de conversas com todos os presidenciáveis¿, disse o deputado Lincoln Portela (PR-MG), vice-líder da legenda, que também defende como ¿o caminho natural¿ o apoio a Dilma.

Luciano Castro disse que o PT precisa respeitar a importância do PR no Congresso e o potencial de votos. ¿Não podemos ser tratados assim. Fazemos parte do governo do presidente Lula com o ministério dos Transportes, temos 44 deputados, quatro senadores, um governador importante, que é o Blairo Maggi, de Mato Grosso¿, enumerou como argumento pela relevância política do PR, que nasceu de uma fusão do Partido Liberal, que cedeu José Alencar como vice na chapa de Lula em 2002, com o Partido da Reedificação da Ordem Nacional (Prona), do ex-deputado Enéas Carneiro, morto em 2007.

Filiações A estratégia do PR para 2010 passa pela escolha de candidatos competitivos. O ministro dos Transportes eleito senador em 2006 pretende disputar o governo de Amazonas. O ex-governador do Rio Anthony Garotinho filiou-se recentemente de olho no Palácio da Guanabara. Em Tocantins, o partido tem a deputada neófita Nilmar Ruiz. Para o último estado, falta a definição de quem pode disputar. No Mato Grosso, estado onde o PR tem mais força graças a Blairo Maggi, ainda está em aberto quem disputará a cabeça de chapa, e é possível um acordo com o PT. Na Bahia, o PR tende a fechar com um nome da oposição. O senador Cesar Borges (PR-BA) descartou apoiar o governador Jaques Wagner. Ele flerta com o DEM, que cogita lançar o ex-governador Paulo Souto, e com o PMDB, do ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima.

¿Não queremos fazer aliança com o PT em 2010 só na eleição, queremos fazer uma aliança pensando no governo. É uma aliança para governar também¿, disse Luciano Castro. ¿Ainda é muito cedo para fechar acordo, inclusive porque a ministra é pré-candidata. Mas a tendência natural é estarmos juntos em 2010¿, acrescentou o deputado Lincoln Portela.

Denúncias Antecessor do PR, o PL foi um dos principais partidos envolvidos no suposto esquema de compra de votos na Câmara dos Deputados feito pelo governo Lula no primeiro mandato. O presidente do extinto PL, Valdemar Costa Neto, renunciou ao mandato de deputado em 2005, admitindo que o partido recebeu R$ 10 milhões para quitar dívidas da campanha que elegeu Lula. Segundo a Polícia Federal, a origem do dinheiro era ilícita. Valdemar voltou à Câmara, pelo PR.

Uniões O PR é um dos partidos mais jovens do cenário político atual. A fusão do PL com o Prona foi aprovada em caráter definitivo pelo TSE em dezembro de 2006. Pouco antes, o PTdoB desistiu de se fundir às outras duas legendas para ultrapassar a chamada cláusula de barreira. Esse mecanismo previa que, para ter direito a funcionamento, um partido precisava ter um mínimo de 5% do total de votos para a Câmara. A cláusula foi derrubada pelo Supremo Tribunal Federal pouco antes da criação do PR.