Título: Alckmin troca comando do alto escalão da Segurança Pública
Autor: Uribe, Gustavo
Fonte: O Globo, 27/11/2012, País, p. 11

Para retomar controle da Polícia Militar, governador indica aliado.

Em meio ao agravamento da onda de violência, que matou 21 pessoas só no último fim de semana, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, anunciou ontem mudanças nos comandos das polícias Civil e Militar. As trocas no alto escalão foram definidas no fim de semana pelo novo secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, numa tentativa do governo paulista de retomar o controle disciplinar da PM e reaproximar a Polícia Civil da administração estadual. Para o cargo de comandante-geral da Polícia Militar, foi adotada uma solução caseira: o atual secretário-chefe da Casa Militar, Benedito Roberto Meira, foi nomeado para o posto em substituição a Roberval França, criticado por ter perdido a autoridade sobre as tropas militares.

Para o cargo de delegado-geral da Polícia Civil, foi aceita a sugestão do secretário Saulo Abreu (Transportes), ex-titular da Segurança Pública, de nomear o ex-diretor do Departamento de Administração e Planejamento (DAP) da Polícia Civil Luiz Maurício Souza Blazeck. Em sua atuação como delegado na Academia de Polícia Civil, Blazeck era o responsável pelo treinamento de policiais civis para a Copa do Mundo de 2014. Este ano, chegou a chefiar delegação até Londres, durante os Jogos Olímpicos. O novo delegado-geral, conhecido pelo perfil técnico e discreto, substitui Marcos Carneiro, cujas declarações polêmicas incomodavam o Palácio dos Bandeirantes.

Na semana passada, por exemplo, foi ele quem afirmou que pelo menos uma das vítimas da onda de violência em São Paulo teve a sua ficha criminal verificada por policiais antes de ser assassinada. Na próxima semana, devem também ser anunciadas mudanças no comando das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), tropa de elite da Polícia Militar, acusada de truculência durante a atual onda de violência. Ontem, o governador de São Paulo defendeu "tolerância zero" às mortes cometidas por policias fora de confrontos.

- É necessário tolerância zero com qualquer tipo de ilícito. E nós teremos, na semana que vem, mais 185 novos delegados que vão para as atividades de polícias investigativa e judiciária, boa parte para área de inteligência. Eu não tenho dúvidas de que vamos reduzir os índices de violência - afirmou.

O governador de São Paulo fez críticas à atual Lei de Execuções Penais. Para ele, um menor que cometeu um crime de maior gravidade não pode permanecer apenas três anos preso e sair da detenção com a ficha limpa. Ele defendeu ainda que maiores de 18 anos não permaneçam em unidades de detenção destinadas a menores. No último domingo, 43 detentos fugiram da Fundação Casa de Ferraz de Vasconcelos, em São Paulo. Entre eles, havia jovens de 19 e 20 anos.

- O que fazem jovens de 19 ou 20 anos na Fundação Casa, que é para crianças e adolescentes? A nossa lei precisa ser modificada. Em todo lugar do mundo, quando completa 18 anos, ou volta para a casa ou vai para uma ala especial da penitenciária. E quem cometeu crimes graves deve ter punição maior - criticou.