Título: Petrobras quer fim do impasse para que projetos prosperem
Autor: Justus, Paulo
Fonte: O Globo, 27/11/2012, Economia, p. 26
Para Graça Foster, é importante evitar que royalties gerem passivos na Justiça.
A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, disse ontem esperar que a definição sobre como será a distribuição dos royalties do petróleo seja resolvida logo, para que os investimentos da estatal "prosperem". Somente com a resolução deste ponto, o governo poderá realizar os leilões dos blocos do pré-sal ainda em 2013, conforme previsão divulgada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).
- Royalties e rodada de licitações são duas coisas fundamentais para que a gente possa prosperar na nossa carteira de projetos de 2020 para frente - disse Graça Foster, após participar de almoço com associados do Lide (Grupo de Líderes Empresariais) em São Paulo.
A presidente da Petrobras evitou comentar o movimento em defesa dos royalties no Rio. Ela ressaltou, porém, que para a estatal não importa o modelo da distribuição das receitas, mas sim a velocidade com que o novo marco será aprovado.
- Nós pagamos e, do ponto de vista econômico, não faz diferença qual modelo de royalties será adotado. Para nós, faz diferença que seja resolvido o mais rápido possível e que o marco regulatório seja compreensível, sem ter a possibilidade de trazer passivos na Justiça - disse ela.
"Precisamos de novos leilões"
O planejamento da estatal prevê que metade do petróleo produzido no Brasil venha do pré-sal a partir de 2020, ante uma participação de 5% hoje. Para atender a esse planejamento, Graça Foster trabalha como se a data dos leilões já estivesse marcada, em maio de 2013 para blocos fora do pré-sal, e em novembro para blocos do pré-sal.
- Temos 31% das áreas do pré-sal já concedidas. Teremos novos leilões e precisamos de novos leilões, é preciso manter a atividade da indústria do petróleo. Essa picanha (área no litoral correspondente aos blocos do pré-sal) tem muito a oferecer para o Brasil e para as empresas - afirmou a executiva.
A Petrobras divulgou ontem que a produção de petróleo em outubro subiu 5,3%, em relação a setembro, para 1,94 milhão de barris por dia. Com isso, o volume produzido apresentou recuperação parcial em relação ao volume mais baixo em quatro anos registrado em setembro, de 1,843 milhões de barris por dia.
Segundo a estatal, paradas para manutenção mais longas que o programado afetaram a extração no mês anterior. Apesar da retomada, a produção no mês de outubro ficou abaixo do volume registrado no mesmo mês de 2011, de 2 milhões de bpd. Segundo Graça Foster, o volume maior em outubro é parte de um "aumento sustentável" de produção, não um pico.
- Como havíamos dito, há uma recuperação gradativa da produção. Tivemos desligamentos mínimos. A tendência é que tenhamos em novembro uma média mês maior que 2 milhões de barris por dia - afirmou ela.
A presidente da estatal evitou falar sobre a possibilidade de aumento no preço da gasolina nos próximos meses. Ela disse que não há conflito entre a estatal e a área econômica do governo (que retarda o reajuste) e que a operação se mantém lucrativa com a venda de combustíveis, embora com margem menor do que seria possível.
- Nossa política de preços é de médio e longo prazos. O importante é o mercado estar comprando. A gente espera e trabalha para que, quando ele estiver comprando muito mais, possamos ter maior preço e uma recuperação desse resultado que não estamos realizando hoje - disse.
A Petrobras acredita que a mistura de etanol na gasolina voltará ao patamar de 25% no ano que vem, ante os atuais 20%. Segundo Graça Foster, essa medida pode ajudar a reduzir as importações de combustíveis fósseis.
A executiva ainda disse aos empresários que o mau desempenho dos papéis da estatal na BM&F Bovespa reflete grau de "aborrecimento" dos acionistas minoritários:
- É algo que me constrange profundamente e temos buscado profundamente melhorar a produção.