Título: No Nordeste, rebeliões e pedidos de interdição
Autor: Carvalho, Cleide
Fonte: O Globo, 16/11/2012, País, p. 5

Em Teresina, unidade teve cinco mortes, enquanto delegado de Maceió desativa sala e a transforma em cela

Teresina e Maceió O superintendente de Presídios da Secretaria de Justiça do Piauí, Ancelmo Portela, disse que a Casa de Custódia de Teresina já registrou neste ano cinco assassinatos por rixa de grupos que atuam dentro da unidade. Os detentos também promoveram três rebeliões. Eles reivindicam melhor alimentação - e não apenas sardinha com arroz -, além de condições sanitárias satisfatórias.

Ancelmo Portela declarou que a Casa de Custódia de Teresina tem capacidade para 336 presos, mas chega a 750 o número de pessoas no estabelecimento prisional.

- O presídio está superlotado. Recebemos presos provisórios e, como os julgamentos demoram, a Casa de Custódia está com um número maior que sua capacidade - disse Portela.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil no Piauí, Lúcio Tadeu Ribeiro, disse que a entidade pediu a interdição do presídio por causas das mortes e para evitar novas rebeliões.

- Nós estamos vivendo em um estado de calamidade no Piauí. Um preso foi morto na presença do delegado, de autoridades, em Esperantina. Um absurdo - disse Lúcio Tadeu, citando rebelião na cidade de Esperantina, quando morreu um detento e cinco ficaram feridos.

A situação dos presos nas delegacias de Alagoas, o estado mais violento do Brasil, é conhecida há dois meses pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Ele recebeu do Sindicato dos Policiais Civis de Alagoas um relatório mostrando as condições dos presos. Quem furtou ou matou e está nas delegacias alagoanas convive em ambientes com fossas estouradas, sanitários imundos, falta de água e de comida.

Em Penedo, a 173 quilômetros de Maceió, as condições dos presos também é precária. Na delegacia local, cabem 22 presos, mas há 70. O único banheiro está sem água. O delegado Rubem Natário desativou sua sala e a transformou em cela. Falta tudo na delegacia.

- Se não tiver dinheiro, passa fome - diz o preso Antônio Jerônimo da Silva. ( Efrém Ribeiro e Odilon Rios, especiais para O GLOBO )