Título: Mantega anuncia novo pacote de R$ 100 bi
Autor: Valente, Gabriela; Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 06/12/2012, Economia, p. 33

O governo anunciou ontem mais um pacote de estímulos aos investimentos, com R$ 100 bilhões para financiar novos projetos das empresas, após o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) ter crescido apenas 0,6% no terceiro trimestre, metade do previsto por analistas. Desse montante, R$ 15 bilhões virão da liberação de compulsórios (parte do dinheiro dos clientes que os bancos são obrigados a deixar depositados no Banco Central). O restante virá do BNDES, que vai renovar o Programa de Sustentação do Investimento (PSI) em condições mais favoráveis.

O PSI, que financia a compra de máquinas e equipamentos com juro subsidiado, acabaria este ano. O governo ainda permitiu que os recursos sejam usados em operações de leasing, não só em financiamentos, para que as instituições privadas entrem nesse nicho de mercado.

Outra medida, que terá impacto na maior parte dos contratos de investimento, inclusive os que estão em vigor, é o corte na Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), de 5,5% ao ano para 5% ao ano. Isso aliviará o caixa das empresas.

A partir de janeiro, as empresas com empréstimos corrigidos pela TJLP terão redução automática nas parcelas. No entanto, no PSI, há a possibilidade de juros ainda menores. Para financiar, por exemplo, a compra de máquinas e equipamentos, a taxa será de 3% ao ano - para contratos fechados no primeiro semestre de 2013 - e de 3,5% ao ano de julho a dezembro.

mantega: investimento vai crescer 8% em 2013

O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, prometeu burocracia menor para a análise dos projetos: o prazo para a liberação de recursos acima de R$ 10 milhões deve cair de 60 dias para um mês. O compromisso foi firmado ao lado do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que vislumbra investimentos 8% maiores em 2013:

- Essas medidas são necessárias para garantir crescimento em torno de 4%, que é o que perseguimos - afirmou o ministro.

Para estimular a participação dos bancos privados, o governo liberou R$ 15 bilhões em compulsórios. Os recursos têm de ser usados obrigatoriamente para financiar investimentos. Os R$ 85 bilhões restantes virão do BNDES. Mantega disse que o Tesouro terá de fazer aportes no banco, mas não há valores definidos.

O PSI foi criado em 2009, auge da crise mundial, para estimular a indústria. O programa já emprestou R$ 200 bilhões. Questionado sobre se liberar R$ 100 bilhões num ano seria factível, Mantega disse que tem de garantir os recursos, mas o ideal seria que, cada vez mais, as empresas se financiassem no mercado de capitais:

- Não fazemos questão de financiar os R$ 100 bilhões. Queremos que o financiamento de investimento esteja coberto no Brasil. O desejável é ir para o mercado - disse.

Foi justamente a queda dos investimentos que freou o crescimento da economia no terceiro trimestre. Os investimentos caíram 2% em relação ao trimestre anterior, de acordo com o IBGE. Frente ao mesmo período de 2011, foi o terceiro o tombo seguido, de 5,6%.

Mantega esquivou-se de responder se tomaria mais medidas para estimular a economia, como a prorrogação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis e para a linha branca.