Título: Esquema de fraude contra INSS é desarticulado
Autor: Voitch, Guilherme
Fonte: O Globo, 06/12/2012, País, p. 11

Uma operação da Polícia Federal (PF) prendeu nove pessoas na manhã de ontem nas cidades de Itatiba e Bragança Paulista, no interior de São Paulo, acusadas de participar de um esquema milionário de fraudes contra o INSS. Os nomes dos detidos não foram divulgados. De acordo com a PF, os suspeitos usavam documentos de pessoas mortas para ativar benefícios ilegais, principalmente de pensão por morte.

A força-tarefa que desmantelou a quadrilha é formada pela Polícia Federal, em Campinas, Ministério Público Federal (MPF) e Ministério da Previdência Social. A investigação da Operação "El Cid 2" aponta que a fraude causou prejuízos de R$ 4,7 milhões ao INSS, entre 2003 e 2012.

Caso o esquema não tivesse sido descoberto, a quadrilha poderia ter lucrado outros R$ 22,8 milhões, de acordo com a delegada Priscila Campelo Marcorin.

uso de documentos falsos

De acordo com a PF, o bando apresentava documentos falsos para enganar servidores da Previdência Social e da Justiça. A quadrilha agia de dois modos: criava vínculos de trabalho inexistentes com empresas já extintas para ter direito à pensão por morte ou utilizava documentos de pessoas que, de fato, tinham direito aos benefícios previdenciários e eram usadas como laranjas.

Pelo menos 45 pessoas recebiam recursos ilegalmente, sendo que cada uma tinha até dois benefícios. Os vencimentos podem ser reduzidos ou até mesmo cancelados. Nem todos os beneficiários sabiam da fraude. Dos nove detidos, dois são advogados e os demais são contadores, empresários e pessoas que tiveram seus nomes usados no esquema, como laranjas.

Nas residências e escritórios dos suspeitos foram apreendidos dispositivos de armazenamento de dados de computadores, carteiras de trabalho, carimbos de 17 empresas e duas armas de fogo. O armamento foi levado porque o suspeito não tinha o porte.

Todos os detidos vão responder por estelionato qualificado, fraude processual, formação de quadrilha ou bando, falsidade ideológica e uso de documentos falsos.

O cumprimento dos mandados começou durante a madrugada e contou com 68 policiais federais e 12 servidores da Assessoria de Pesquisa Estratégica e Gerenciamento de Riscos do Ministério da Previdência Social (APEGR).

A "El Cid 2" é um desdobramento de uma primeira operação, deflagrada em junho de 2009. À época, 17 pessoas tiveram prisão preventiva decretada e 19 foram denunciadas por fraude contra o INSS.