Título: Copom: período de estabilidade de juros
Autor: Valente, Gabriela
Fonte: O Globo, 07/12/2012, Economia, p. 38

Apesar de admitir que a previsão de inflação piorou para este ano e também está acima do centro da meta (4,5%) para o ano que vem, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reafirmou que manterá os juros básicos estáveis em 7,25% ao ano por um longo período. De acordo com a ata da reunião da semana passada, a decisão de interromper uma sequência de cortes e manter os juros no piso histórico foi tomada porque a inflação deve regredir para o centro da meta do governo, mesmo que seja de um modo "não linear", ou seja, com altos e baixos. A divulgação da ata provocou reviravolta nas previsões dos economistas, que passaram a vislumbrar novas quedas da taxa básica (Selic) no ano que vem.

Juros futuros recuam

Trechos que destacavam mudanças estruturais da economia brasileira chamaram a atenção de analistas. E isso, na visão deles, seria um sinal de que há espaço para novos cortes de juros quando a inflação der refresco. Após a publicação da ata, os juros de contratos negociados no mercado futuro com o vencimento em julho, passaram de 7,03% na quarta-feira para 6,89% ao ano.

- A ata deu a entender que o Copom vê mais espaço para cortes por causa das condições da economia brasileira, que são mais favoráveis e têm mais credibilidade e financiamento externo. Essas são mudanças estruturais que influenciam a longo prazo - afirmou o economista-chefe da corretora Gradual, André Perfeito.

Também contribuiu uma nota do Itaú. Nela, o economista-chefe do banco, Ilan Goldfajn, lembrou que a decisão do Copom de manter os juros por um longo período foi tomada antes de o governo se frustrar com o fraco crescimento da economia. "Dadas as novas informações sobre a atividade econômica, entendemos que o Copom irá promover novas reduções de taxas de juros no ano que vem (...). Esperamos dois cortes de 0,50 p.p. na Taxa Selic a partir de março de 2013, levando os juros básicos para 6,25%, nível em que devem ser mantidos até o final do ano", afirmou Goldfajn, ex-diretor do Banco Central (BC).

Poupança: saldo de R$ 3,6 bi

O Copom diz que a inflação de serviços permanece elevada, mas as pressões em alimentos e bebidas estão menores. Para chancelar a decisão de estabilizar os juros, afirma que os riscos para a estabilidade financeira global continuam altos, sobretudo devido à retração do crédito nos países ricos, apesar de ter diminuído a probabilidade da quebra de um país ou grande banco. A curto prazo, o comitê admite que há combustível para a inflação: o consumo das famílias deve continuar forte. E os gastos do governo devem mudar para uma posição expansionista.

Mesmo com rendimento abaixo da inflação, a poupança bateu recorde mês passado. A diferença entre depósitos e retiradas foi de R$ 3,6 bilhões, o melhor desempenho para novembro nos últimos três anos. Desde janeiro, a captação líquida atingiu R$ 40,2 bilhões, superando o resultado de 2010, o melhor já registrado.