Título: Novas provas indicam mais crimes do grupo indiciado
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 09/12/2012, País, p. 10

O delegado da Polícia Federal Ricardo Hiroshi deverá abrir novos inquéritos para apurar fatos que ficaram de fora da primeira fase da investigação e apontam para outros crimes que teriam sido cometidos pelo grupo de Rosemary e de Paulo Rodrigues Vieira. A partir da Operação Porto Seguro, iniciada em 23 de novembro, a PF investigou a venda de pareceres de órgãos federais para Tecondi, empresa concessonária de um terreno no Porto de Santos, e para o ex-senador Gilberto Miranda, interessado na exploração de duas ilhas, em São Paulo.

Mas, na análise dos documentos apreendidos no primeiro dia de buscas da PF, foram descobertos indícios de outros crimes. Segundo Cardozo, as novas investigações terão esses indícios como ponto de partida.

— São fatos que não estavam nesse inquérito (da Operação Porto Seguro) e que devem ser apartados e investigados — informou Cardozo.

Até a ida ao Congresso Nacional, na terça e na quarta-feira, Cardozo entendia que os laços da ex-secretaria com Paulo Vieira eram eventuais. Ela teria sido usada pelo grupo de Vieira. Agora, a convicção é que ela integrava a organização do ex-diretor.

O líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), afirmou que o indiciamento de Rosemary Noronha mostra como a investigação da Polícia Federal pode ainda avançar e cobrou explicações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a relação com a ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo.

— Se o diretor da PF e o ministro da Justiça disseram que não havia nada contra ela e agora aparece, é porque ainda tem muita a coisa a ser investigada em relação à Rosemary e à quadrilha. Os e-mails mostram que ela centralizava as operações por tráfico de influência em suas mãos, citando nominalmente o presidente Lula, ora como PR, ora como chefe. O presidente Lula deve ao país explicações cabais sobre a relação que tinha com essa moça — defendeu.

O senador Álvaro Dias, líder do PSDB no Senado, afirmou ser pertinente o indiciamento de Rosemary por formação de quadrilha, devido ao papel que ela desempenhava nas ações do grupo, de acordo com a investigação da PF.

— Eu acho pertinente pelos elementos recolhidos na investigação e o vínculo entre ela e o restante da quadrilha. Ela era uma espécie de madrinha das nomeações. Obviamente, quem nomeia se toma responsável. Os indícios apresentados, de que havia uma comunicação permanente entre ela e os irmãos Vieira, a faz presente em todo o esquema — disse Dias.