Título: Contatos na União fizeram fortuna de ex-senador
Autor: Roxo, Sérgio
Fonte: O Globo, 16/12/2012, País, p. 11

O ex-professor de natação de um clube de Brasília, hoje denunciado por corrupção, fez fortuna a partir das relações políticas criadas na capital federal. Deu o pulo do gato quando passou a ajudar empresas que pretendiam se instalar na Zona Franca de Manaus. Com contatos na burocracia federal, cuidava da documentação. Como contrapartida, em vez de honorários, pedia participação societária nas empresas.

O casamento, ainda nos anos 70, com a socialite Analice Scarpa, prima do playboy Chiquinho Scarpa, ajudou a abrir as portas das casas de grandes empresários paulistas para o ex-professor de natação. Ele se separou da mulher, mas manteve a influência graças ao papo agradável. Vive contando piadas e costuma ser o centro das conversas nas rodas que frequenta.

Nos anos 80, decidiu entrar na política, mas não quis se aventurar nas urnas. Conseguiu uma vaga de suplente na chapa de Carlos Alberto Di Carla, senador eleito pelo Amazonas em 1986. Assumiu a vaga em uma licença do titular. Em 1990, foi eleito o primeiro suplente de Amazonino Mendes, que acabou renunciando dois anos depois ao ser eleito prefeito de Manaus, deixando seis anos de mandato para Miranda. Teve destaque no Congresso, chegando a relatar o orçamento da União. Em 1998, foi o segundo suplente do senador eleitor Gilberto Mestrinho. Entre novembro de 2005 e março de 2006, voltou a ocupar o posto com licenças do titular e do primeiro suplente.

Sarney e Kassab: padrinhos

Fora do poder, manteve a força política. Em 2007, teve entre os padrinhos de seu casamento com a estilista Caroline Andraus Lane, 31 anos mais jovem, o senador José Sarney (PMDB-AP) e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Hoje, aos 66 anos, ainda é procurado por figuras do mundo político e jurídico, neste caso, até daqueles que buscam indicação para ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Como parte de sua vida de luxo, sua mulher é conhecida como a principal consumidora no Brasil das roupas da grife francesa Lanvin.

Na Operação Porto Seguro, Miranda foi denunciado pelo crime de corrupção ativa. Ele teria subornado servidores para manter os direitos sobre duas ilhas do litoral paulista. Numa delas, possui uma casa. Na outra, pretende instalar um terminal portuário.

- Não vou responder a acusações pela imprensa e meu cliente não vai dar entrevista - disse Cláudio Pimentel, advogado do ex-senador.