Título: Dilma diz que não vai demitir o ministro Guido Mantega
Autor: Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 08/12/2012, Economia, p. 33

Presidente critica a revista "The Economist" e avisa que não será influenciada

BRASÍLIA A presidente Dilma Rousseff criticou ontem a "sugestão" da revista britânica "The Economist" de que, para não perder a confiança dos investidores, Dilma deveria demitir o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

- Nós todos aqui, eu em especial, somos a favor da liberdade de imprensa, então não tenho nada a dizer sobre o direito de qualquer jornal ou revista falar o que quiser. Só quero manifestar que, em hipótese alguma, o governo brasileiro, eleito pelo voto direto e secreto do povo brasileiro, vai ser influenciado pela opinião de uma revista que não seja brasileira.

As declarações da presidente foram feitas no Palácio do Itamaraty, logo antes do almoço com chefes de Estado do Mercosul e países associados. Dilma foi enfática ao dizer que não levaria em consideração a publicação:

- E acho que não é correto também, pelo seguinte: não vi, diante dessa crise gravíssima pela qual o mundo passa, com países tendo taxas de crescimento negativas, escândalos, quebra de bancos, quebradeiras, eu nunca vi nenhum jornal propor a queda de um ministro. Nós estamos crescendo a 0,6 (%) nesse trimestre e iremos crescer mais no próximo. Então, a resposta é: de maneira alguma, eu levarei em consideração essa, digamos, sugestão. Não vou levar.

Dilma destacou, ainda, que a situação econômica do Brasil é melhor que a dos países mais atingidos pela crise.

- Vocês da imprensa brasileira não sabem que a situação deles é pior que a nossa? Pelo amor de Deus! Desde 2008! Nenhum banco como o Lehman Brothers (dos EUA) quebrou aqui. Nós não temos crise de dívida soberana, a nossa relação dívida/PIB é de 35%, nossa inflação está sob controle. Nós temos US$ 378 bilhões de reserva.

Segundo a presidente, a melhora nas condições econômicas brasileiras ocorreu graças à redução na taxa de juros durante seu governo, e que tenta divulgar como uma marca de sua gestão.

- Tudo isso se dá porque os juros caíram no Brasil, e caíram porque não podiam cair aqui, porque como dizia um economista antigo nosso (Delfim Netto), aqui tinha que ser o "último peru de Ação de Graças", mas como aqui a gente não comemora Ação de Graças, vou chamar de peru de Natal - ironizou a presidente.

No artigo da revista "The Economist" intitulado "Uma quebra de confiança", que repercutia o resultado do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) no trimestre, abaixo das expectativas de Mantega, a revista afirmou que, se Dilma quer um segundo mandato, precisa mudar sua equipe econômica. (Júnia Gama e Eliane Oliveira)