Título: Relação com Cuba ajuda ex-motorista de ônibus a se aproximar do presidente
Autor:
Fonte: O Globo, 10/12/2012, Mundo, p. 30

Desde que chegou ao cargo de vice, em outubro, Maduro já estaria dando as cartas no país

Escolhido. Maduro durante conferência em Caracas: estilo afável e fidelidade a Chávez

Caracas Em sua primeira coletiva de imprensa após ser reeleito, em outubro deste ano, o presidente Hugo Chávez sinalizou abertamente que planejava voos mais altos para Nicolás Maduro no futuro próximo, ao citar o nome de seu chanceler mais do que o de qualquer outro membro do governo. Poucos dias depois, apontou-o como vice-presidente. Desde então, Maduro, um ex-motorista de ônibus e ex-dirigente sindical do metrô de Caracas de 50 anos de idade, já teria assumido as rédeas de facto do governo venezuelano.

- (Maduro) é um dos líderes jovens com mais capacidade, caso eu não possa, para continuar à frente da Presidência - disse ontem o líder bolivariano.

Durante sua carreira, Maduro teceu diversas ligações diretas com o presidente que lhe garantiram a posição de destaque dentro do governo socialista. É uma das poucas pessoas que conhece em detalhes o estado de saúde de Chávez, a quem tem acompanhado nas viagens a Cuba. O chanceler, que na juventude treinou na ilha, é um dos membros do governo venezuelano com maior proximidade dos irmãos Castro, que estão entre os maiores conselheiros do presidente.

Em 1992, quando Chávez foi mandado para a prisão após a tentativa de golpe fracassada, foi a mulher de Maduro, Cilia Flores, quem liderou a equipe de juristas que conseguiu a libertação do líder venezuelano dois anos depois. Hoje, Cilia é advogada-geral do país.

Depois que Chávez se tornou presidente, em 1999, Maduro foi um dos membros do Movimento Revolucionário Bolivariano 200 - base do atual Partido Socialista Unido da Venezuela - que fizeram parte da Assembleia Nacional Constituinte. Dali, partiu para a carreira como deputado, chegando à presidência do Congresso em 2005.

Em 2006, o presidente o chamou para a Chancelaria, e Maduro se tornou um dos ocupantes mais longevos do cargo durante seu governo. Nessa condição, com estilo afável, conseguiu cumprir as tarefas de que foi incumbido, como consolidar os blocos regionais Alba e Unasul, melhorar as relações com a Colômbia e estreitar de relações com Irã, Rússia e China. É mais bem avaliado por governos latino-americanos - Brasil inclusive - que Diosdado Cabello, outro homem forte do chavismo.