Título: Mantega cobra mais crédito de bancos privados
Autor: Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 28/12/2012, Economia, p. 25

Ministro se reúne com banqueiros e afirma esperar "uma postura mais ativa" das instituições financeiras

BRASÍLIA O ministro da Fazenda, Guido Mantega, convocou os banqueiros para uma reunião ontem em Brasília, às vésperas do feriado do fim de ano, para cobrar maior empenho dos bancos privados nos financiamentos de longo prazo para o setor produtivo do país, hoje concentrado no BNDES. O ministro aproveitou também para discutir as novas regras internacionais de segurança para o sistema financeiro, ou Basileia III, que está em fase final de regulamentação pelo Banco Central (BC). A previsão é que as normas, que acabaram de sair de consulta pública pelo BC, entrem em vigor em 2013, mas alguns países, como EUA, por exemplo, decidiram pelo adiamento. As novas práticas são fruto das crises de 2008 e 2009, que revelaram fragilidades nos balanços dos bancos estrangeiros.

Segundo interlocutores, durante o encontro, Mantega avaliou que houve excesso de conservadorismo por parte das instituições privadas nacionais na concessão do crédito ao longo de 2012 e que o crescimento se deveu à atuação dos bancos públicos.

Para 2013, o ministro projetou um cenário mais positivo que o deste ano, com retomada do crescimento da economia, juros baixos e redução da inadimplência, além de melhora do ambiente internacional, segundo fontes. Na visão de Mantega, esses indicadores vão favorecer naturalmente o acesso ao crédito, tanto para o setor produtivo quanto para o consumo. Mas, em um discurso afinado com o da presidente Dilma Rousseff, Mantega repetiu que o governo espera uma maior participação dos bancos privados na oferta de financiamentos.

- O ministro disse que espera uma postura mais ativa dos bancos privados na concessão de crédito no país - disse um interlocutor.

Os banqueiros deixaram o prédio da Fazenda sem falar com os jornalistas. Participaram do encontro os presidentes do Itaú, Roberto Setúbal; do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco; e da Caixa Econômica Federal, Jorge Hereda; além de representantes do Safra, HSBC, Santander, Citibank e Banco do Brasil.

Pela manhã, em evento com jornalistas, Dilma defendeu que os investimentos em infraestrutura possam contar com aportes da iniciativa privada, não apenas via BNDES. Ela disse que quer reduzir as exigências para esses empréstimos para que os bancos privados participem mais desses financiamentos.