Título: Nova regra vai ajudar resultado do BNDES
Autor: Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 28/12/2012, Economia, p. 28
Mudança reduzirá impacto de queda de ações de Petrobras e Eletrobras
O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou uma resolução que pode amenizar a queda do lucro do BNDES. Com a medida, 25% das ações que o BNDES possui e que são classificadas como "disponíveis" não precisarão mais ter seus valores de referência atualizados toda vez que houver uma variação grande em suas cotações na Bolsa. As ações classificadas como disponíveis são investimentos de longo prazo e não são negociadas no dia a dia do banco, mas servem para o cálculo do patrimônio líquido do BNDES e de referência para seus empréstimos.
Com a decisão do CMN, o lucro do banco não será afetado com a recente queda nas cotações das ações que têm maior peso na carteira do BNDES: Petrobras e Eletrobras. Indiretamente, dizem fontes, essas medidas podem até ajudar o resultado fiscal do país, uma vez que o BNDES tem sido nos últimos anos um dos maiores pagadores de dividendos ao governo.
Oficialmente, o Banco Central informa que o objetivo dessa medida é tornar o banco mais resguardado às oscilações de mercado que as ações têm sofrido. Segundo a instituição, essa norma pode, inclusive, ser alterada no futuro, caso o ambiente econômico mude. O BNDES informou, por sua assessoria, que apoia a medida, uma vez que ela melhor classifica as ações ao perfil de longo prazo do banco.
Mas fontes do mercado avaliam que o impacto poderá ser significativo no resultado do banco. No terceiro trimestre de 2012, o lucro do BNDES foi de R$ 2,043 bilhões, valor 21% inferior ao registrado no mesmo período do ano passado (R$ 2,587 bilhões). No acumulado do ano, a queda no lucro é ainda maior: nos nove primeiros meses, o resultado foi de R$ 4,785 bilhões, 39,2% a menos que no acumulado em 2011 até setembro (R$ 7,866 bilhões). Com lucros maiores, o banco pode pagar mais dividendos ao governo, o que melhora o caixa da União.
mais de R$ 150 bi emprestados
Luciano Coutinho, presidente do BNDES, afirmou ontem que os desembolsos do banco podem superar a expectativa de R$ 150 bilhões em 2012. No acumulado até novembro, eles somaram R$ 121,8 bilhões - sendo R$ 13,4 bilhões apenas no mês passado. Para alcançar a meta, o resultado de dezembro tem de ser o dobro do registrado até agora.
De acordo com o BNDES, dois setores lideram os desembolsos: indústria (R$ 41,4 bilhões ou 34% do total) e infraestrutura (R$ 40,2 bilhões, ou 33%). Comércio e serviços receberam R$ 30,3 bilhões, e o agronegócio, R$ 9,9 bilhões.
- Esperamos que este investimento em infraestrutura e logística seja um vetor de dinamismo na economia - disse.
Ontem o banco assinou um contrato de R$ 1,9 bilhão para financiar obras de metrô em São Paulo. O governo paulista já conta com R$ 4,4 bilhões do BNDES e tem em análise projetos de mais R$ 5,7 bilhões.