Título: Refazendo o malfeito
Autor: Werneck, Antônio
Fonte: O Globo, 21/12/2012, Rio, p. 12

Infraero admite que obras no Santos Dumont incluem trechos que já foram reformados

As obras que a Infraero está licitando para ampliar, em 2013, o pátio de estacionamento de aeronaves do Aeroporto Santos Dumont servirão também para consertar erros cometidos em reformas recentes. Uma das intervenções será na taxiway "J", uma pista auxiliar usada pelos aviões para taxiar antes de decolarem e depois de aterrissarem no Santos Dumont. Um trecho da pista "J" está afundando, comprometendo e pondo em risco a segurança dos voos.

O local passou por reformas há cinco anos, quando a capacidade do aeroporto foi ampliada para receber o aumento do fluxo de aviões durante os Jogos Pan-Americanos de 2007. Não se sabe exatamente por que o piso está cedendo naquele trecho. A "J" ficará fechada durante a execução dos reparos.

Para complicar e aumentar o transtorno para os passageiros, haverá intervenção também na posição 1 do pátio de estacionamento de aviões, que passou por reformas há apenas três anos. A Infraero explicou que, em 2009, as obras no local foram superficiais, sem mexer na estrutura. "A posição 1 será refeita para construção da nova rede de drenagem, além de reforçar todas as camadas estruturais do local em questão", informou a Infraero em nota enviada ao jornal. Na construção do sistema de pista de táxi (que inclui a pista "J" e que deverá ser refeito agora), foram aplicados R$ 30 milhões.

Para saber a extensão do problema na taxiway "J", uma comissão formada por técnicos da Infraero e do consórcio responsável pelas obras deverá fazer, nos próximos dias, uma vistoria na pista - a maior taxiway do Santos Dumont. Em nota, a Infraero argumentou que seu corpo técnico já está providenciando o reparo, que será feito pelo consórcio que executou a reforma do aeroporto, uma vez que o serviço está coberto pela garantia de obra prevista no código civil.

Obras podem levar à restrição de voos

As obras, previstas para começarem no próximo ano, têm orçamento estimado de R$ 41,2 milhões e deverão ser executadas em 28 meses.

Como O GLOBO revelou há uma semana, novas regras para o espaço aéreo do Santos Dumont, que entraram em vigor em novembro, e o anúncio pela Infraero de obras importantes para o terminal poderão ter impacto direto no movimento do aeroporto, com previsão de atraso em voos, filas no embarque de passageiros e até mesmo restrição de voos. Uma das medidas, que já está valendo, limita a três horas o tempo que uma aeronave da aviação geral (jatinhos particulares, táxi aéreo e aviões executivos) pode ficar estacionada na pista do Santos Dumont. A segunda é mais complexa: o pátio de estacionamento do aeroporto passará por uma ampliação, prevista para ter início em janeiro de 2013, ano em que a cidade começa a testar sua infraestrutura para a realização de grandes eventos, como a Copa das Confederações e a Jornada Mundial da Juventude.

A Infraero garantiu que não há problemas com as pistas de pouso e decolagem do Santos Dumont, apenas com a pista de taxiamento e com a posição 1 no pátio de estacionamento. A empresa afirmou ainda que fará a reforma de todo o pátio de aeronaves porque a construção, projetada entre as décadas de 1940 e 1950, foi feita para receber aeronaves como o Electra e o DC-4, cujo peso médio era de 40 toneladas. Atualmente, aviões como o 737 e o A320 têm peso médio de 70 toneladas, sendo que o pátio mantém a estrutura das décadas de 1940 e 1950. Além disso, o perfil e a quantidade de veículos que circulam pelo pátio de aeronaves, para dar suporte às operações, também mudaram, o que tem agravado o desgaste do pavimento.

Dados da Infraero revelam que, em 2009, o número de passageiros (partidas e chegadas) foi de 5 milhões no Santos Dumont. No ano seguinte, a movimentação pulou para 7,8 milhões. Em 2011, o terminal fechou o ano registrando 8,5 milhões de passageiros (embarques e desembarques). Esses números também estão refletidos no crescimento dos voos no Santos Dumont: eles passaram de 97 mil pousos e decolagens, em 2009, para 130 mil, em 2011.