Título: Aviação regional terá R$ 7,3 bi e governo bancará 50% dos bilhetes
Autor: Doca, Geralda; Nogueira, Danielle
Fonte: O Globo, 21/12/2012, Economia, p. 40

Serão contemplados 270 terminais em todo o país, dos quais 9 no Rio

Brasília e Rio O pacote para o setor aeroportuário prevê um plano para estimular a aviação regional, com investimentos de R$ 7,3 bilhões em 270 aeroportos de pequeno porte, nos próximos anos, sendo nove no Rio (Angra dos Reis, Volta Redonda, Resende, Nova Friburgo, entre outros). Semana passada, quando estava em Paris, a presidente Dilma Roussef chegou a afirmar que seriam construídos 800 aeroportos regionais.

Também estão previstos incentivos às empresas que quiserem oferecer rotas entre cidades do interior e capitais. O governo se comprometerá a bancar até metade das passagens, num limite de 60 assentos por aeronave. Os recursos virão do Fundo Nacional de Aviação Civil (Fnac), alimentado com o pagamento das outorgas das concessões. Aeroportos com movimento de até um milhão de passageiros por ano estarão livres de pagamento de tarifas aeronáuticas.

Preço 25% maior que ônibus

Os 270 aeroportos regionais selecionados pelo governo para receber recursos públicos atendem às necessidades do turismo, da economia local e de defesa (terminais da Amazônia). Do total do investimento previsto, R$ 1,7 bilhão será destinado à Região Norte. Para o Nordeste serão R$ 2,1 bilhões e para o Sudeste, R$ 1,6 bilhão. As regiões Sul e Centro-Oeste receberão R$ 1 bilhão cada.

O programa visa a ampliar o acesso ao transporte aéreo, colocando à disposição da população um aeroporto com voo regular, num raio de até 100 quilômetros. Ainda não há impactos claros das mudanças previstas para a aviação regional, mas o governo espera, com a concessão de subsídios às empresas, que as passagens das novas rotas tenham preços razoáveis. A equipe econômica trabalha com a tese de que os bilhetes ficarão 25% acima do valor da passagem de ônibus.

Para Lucas Arruda, sócio-diretor da área de aviação da consultoria Lunica, as medidas são um passo importante para aumentar a capilaridade do setor, descongestionar os principais aeroportos e oferecer um serviço de mais qualidade aos passageiros.

- Essas medidas tendem a estimular a criação de empresas ou de subsidiárias de grandes companhias para atuarem nos mercados de menor densidade. Isso vai descentralizar o tráfego aéreo e reduzir o congestionamento nos grandes aeroportos, pois muitos passageiros não precisarão fazer conexões para alcançar o destino desejado. É um ganho para o consumidor.

O especialista em aviação Elton Fernandes, da Coppe/UFRJ, no entanto, lembra que as companhias aéreas estão em crise e vem buscando direcionar os investimentos para rotas mais lucrativas, como a ponte aérea Rio-São Paulo. Para ele, não há como garantir que elas vão querer entrar na aviação regional.