Título: Reservatórios do NE abaixo do nível seguro
Autor: Rosa, Bruno
Fonte: O Globo, 29/12/2012, Economia, p. 24

A falta de chuvas vem baixando cada vez mais o nível dos reservatórios no país. De acordo com dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o nível das hidrelétricas da Região Nordeste está, até o dia 27 de dezembro, em 32,83%, pouco abaixo dos 33,09% registrados na véspera. O limite mínimo de segurança na região é de 34%, informa o ONS.

Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, o nível baixou de 29,23% para 29,04% entre 26 e 27 de dezembro. Especialistas descartam o risco de racionamento de energia elétrica em 2013, mas se dizem preocupados, pois os reservatórios dessas duas regiões representam 70% da capacidade máxima de armazenamento do Brasil.

Claudio Soares, especialista em energia da Universidade Federal Fluminense (UFF), lembra que o nível dos reservatórios do Sudeste e do Centro-Oeste chegou ao menor patamar de 2012 e ainda abaixo de 2001, quando houve racionamento. Na época, as hidrelétricas estavam em 32,27%. O volume está próximo ao "nível meta", ou seja, o mínimo para garantir o abastecimento com segurança, de 28% para as regiões.

- Mas não podemos falar em racionamento de energia para 2013, pois o chamado período úmido vai até abril. Por isso, é preciso esperar antes de pensar no pior - disse Soares.

No Norte do país, o nível também baixou de 41,13% para 40,66% entre os dias 26 e 27 de dezembro. Neste caso, não há nível mínimo de referência, pois a região não está no sistema interligado.

Já entre as hidrelétricas da Região Sul, o nível dos reservatórios está em 33,82%, até o dia 27 deste mês, acima dos 33,67% do dia anterior. A região está acima do nível mínimo de segurança, de 22%.

- Os reservatórios estão baixos, pois ainda não choveu o suficiente. O período de chuvas começou em novembro. Mas não podemos falar em racionamento, pois o período de chuvas vai até abril. Entre 2007 e 2008 havia o mesmo temor de hoje, mas, na ocasião, começou a chover em janeiro, e a situação se reverteu - diz Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), da UFRJ.

Para o especialista, é preciso que o nível dos reservatórios comece a subir já em janeiro. Ele explica que, caso isso não ocorra, as usinas térmicas terão de continuar a plena carga até novembro do ano que vem.