Título: Galeão e bairros do Rio às escuras
Autor: Leite, Renata; Ordoñez, Ramona; Nogueira, Danielle
Fonte: O Globo, 27/12/2012, Economia, p. 19

Os passageiros que voltavam de viagem no Natal levaram um susto ontem, quando o Aeroporto Internacional Galeão/Tom Jobim ficou cerca de dez minutos totalmente no escuro. Moradores da Ilha do Governador relataram que parte do bairro também ficou sem energia. Segundo a Infraero, o apagão ocorreu por volta das 21h. Os dois terminais foram afetados, mas não houve cancelamento de voos, de acordo com a estatal.

A luz foi voltando aos poucos, quando o gerador do aeroporto foi acionado. Segundo as empresas aéreas, não havia previsão de cancelamento de voo. Mas atrasos devem ter ocorrido. A área de embarque internacional do terminal 1 ficou apagada por, pelo menos, 50 minutos. Serviços de check in pararam e os passageiros reclamavam da falta de orientação, além do calor. Uma funcionária de uma lanchonete desmaiou.

A relações públicas Beatrice Jordão desembarcou por volta das 21h com o aeroporto às escuras. Segundo ela, os passageiros não tiveram auxílio de funcionários no trajeto até a sala de bagagens, cujas esteiras pararam.

- Nossa sorte foi que não havíamos despachado malas. Os televisores com informações sobre os voos estavam desligados e não havia lanternas. Quando saímos, às 21h20m, algumas luzes de emergência estavam sendo acionadas, mas eram muito fracas. Caos total - disse Beatrice, que vinha de Campinas em um voo da companhia Gol.

Às 21h30m, pelo menos cinco aviões permaneciam estacionados no pátio sem que os passageiros pudessem desembarcar. O relato foi feito pelo empresário Cláudio Santos, que aguardava a retomada da energia para desembarcar de um voo da TAM que vinha de Recife.

- Pela janela, é possível observar mais quatro aviões parados junto aos fingers com os passageiros à bordo. São mais de 190 pessoas a bordo, inclusive crianças, que não podem desembarcar. Esse é realmente o aeroporto de uma cidade que vai sediar a Copa e as Olimpíadas?

Quase 15 horas sem luz

Às 21h35m, a luz já havia voltado nos setores de embarque A e C, mas quem precisava embarcar no setor B permanecia no escuro. O administrador Luiz Roberto de Moraes Duarte, que voaria com a mulher e os filhos às 23h16m pela American Airlines, estava indignado. Sem luz, não era possível fazer o check in. Preocupado com um possível atraso na hora de embarque, ele temia não chegar a tempo em Miami para fazer a conexão planejada para Orlando:

- Estamos às vésperas de uma Copa do Mundo. A indignação é imensa. Isso não pode acontecer em um dos maiores aeroportos do país.

Segundo a Light, ocorreu um defeito em um equipamento na subestação de propriedade do Galeão às 20h56m, o que deixou às escuras por alguns minutos praticamente toda a Ilha do Governador. O presidente da Light, Paulo Roberto Pinto, disse que o problema tirou do sistema a linha da Light, provocando o apagão no bairro.

- Ao derrubar a nossa linha, derrubou quase toda a Ilha. Com uma manobra, conseguimos colocar uma linha nossa em operação e restabelecemos em 15 minutos a energia em toda região - explicou.

O executivo disse que o sistema da Light está conectado a subestações de vários clientes, como no caso do Galeão, e por isso às vezes ocorrem esses problemas.

Mas o problema não foi restrito ao Galeão. Mais cedo, bairros do Rio, principalmente na Zona Norte e Zona Oeste, sofreram com a falta de energia elétrica. Entre os locais afetados estavam Tijuca, Barra da Tijuca, Bangu, Pavuna, Jacarepaguá e Recreio. Também faltou, pontualmente, luz na Clínica São Vicente, na Gávea, Zona Sul da cidade. Consultórios e recepção ficaram às escuras e sem ar-condicionado, mas o atendimento não foi interrompido.

A falta de luz deixou, por quase 15 horas, muitos cariocas no calor. Em Realengo, moradores pegaram colchões e cadeiras e tentaram dormir na calçada. Houve prejuízos com remédios e alimentação, sem refrigeração.

- Dentro de casa, estava muito calor - conta o motorista Fagner Marcellino.