Título: UFRJ diz que alcançará meta do MEC em 2016
Autor: Vanini, Eduardo
Fonte: O Globo, 23/12/2012, País, p. 4

UFF afirma que, pelas suas contas, já possui 18 alunos por professor; especialistas cobram mais eficiência

Levando em conta apenas o Censo do MEC, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) tinha 7,7 alunos por professor em 2001, excluindo os cursos de ensino a distância. Em 2011, esse número passou para 9,7. A pró-reitora de Graduação, Ângela Rocha, disse desconsiderar esses valores, já que a universidade tem a fórmula do Reuni como referência. Por ela, a instituição tinha 15,4 alunos por professor em 2007, e passou a 18,6 em 2010. Em 2011, porém, caiu para 12,0.

De acordo com Ângela Rocha, a queda em 2011 aconteceu por conta da contratação de 250 professores. Segundo ela, como nem todos os cursos estão com sua capacidade total de vagas preenchidas, visto que alguns ainda estão nas primeiras turmas ou as instalações não foram concluídas, a proporção caiu. Ângela diz que a expectativa é de que a marca de 18 alunos por professor seja plenamente alcançada em 2016.

- Nossa expansão foi entravada por problemas com a concepção de obras para receber os alunos. Atrasos de licitações, empresas que abandonam obras e outras dificuldades fizeram com que nenhum prédio acordado pelo Reuni fosse concluído, com exceção do restaurante universitário do Centro de Tecnologia - justifica-se Ângela, que afirma não tomar como referência o Censo do MEC ao traçar planos para atender às metras do Reuni.

Na Universidade Federal Fluminense (UFF), quando considerados apenas os dados do Censo do MEC, fica registrada uma queda na relação de alunos por professor, de 9,8 em 2001 para para 9,5 em 2011. A assessoria de imprensa da universidade informou que o reitor estava de férias e não poderia comentar o dado, mas informou que, segundo o Caderno Reuni, editado pela universidade, a relação seria de 18,3.

Para especialistas consultados pelo GLOBO, a universalização de uma meta de alunos por professor requer cuidados, já que as instituições têm propostas de ensino diferentes. Entretanto, eles concordam que, de modo geral, os indicadores no país estão abaixo da capacidade de operação das universidades públicas.

Para o diretor-geral da Faculdade AVM e ex-presidente do Conselho Nacional de Educação, Edson Nunes, o fato de as universidades atuarem abaixo da meta estabelecida inicialmente pelo Reuni configura falha grave, que traz à tona o mau uso dos recursos públicos.

- Mesmo com o Reuni, não se desequilibrou a tradição registrada nas últimas décadas de que 75% dos alunos do ensino superior estão no setor privado.

Para o ex-reitor da USP e consultor em educação Roberto Lobo, a estipulação de uma meta deveria levar em consideração a missão de cada universidade. Se a busca é por uma instituição focada apenas na formação de profissionais, sem aprofundamento em pesquisa, a média de 18 alunos por professor, em sua avaliação, é boa.

Mas, para universidades que almejam pesquisas avançadas, está acima do ideal. Para se ter uma ideia, diz ele, a média de alunos por professor, contando também a pós-graduação, na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, uma das melhores do mundo, é de 4,3. Por outro lado, Lobo diz que ainda são poucas as universidades brasileiras que se enquadram num padrão avançado de pesquisas.

- Se todas as instituições do país fossem altamente produtivas, estaríamos com bons índices nessa relação entre alunos e professores. Mas, como são poucas, certamente o número poderia melhorar.