Título: Com o fim do IPI reduzido, preço de carros deve subir em 2013
Autor: Carneiro, Lucianne
Fonte: O Globo, 30/12/2012, Economia, p. 27

A queda de cerca de 1,5% na produção nacional de veículos este ano - a primeira em uma década - elevou as incertezas sobre a capacidade do mercado automotivo de crescer em 2013. Ao mesmo tempo, a expectativa é que os preços dos carros subam.

Milad Kalume Neto, gerente de Desenvolvimento de Negócios da Jato Dynamics, consultoria especializada no setor, projeta altas nos preços entre 2% e 3% para a maioria dos modelos zero quilômetro já na próxima semana. A própria indústria avisou que não terá como evitar o repasse, pois o IPI para carros volta a subir, gradualmente, a partir de janeiro.

Os modelos populares, com motor 1.0, cujas alíquotas estão zeradas, passam a recolher Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de 2% a partir do dia 2. Percentual que sobe para 3,5% em abril e volta aos 7% originais em julho. Além disso, a partir de janeiro, os fabricantes estarão obrigados a equipar 60% dos carros que produzirem com air-bag e freios ABS, itens que encarecem os modelos.

- Vem carro mais caro em janeiro - avisa.

Apesar da produção menor, resultado da queda das exportações e da concorrência dos importados, as vendas do setor vão superar em quase 5% as de 2011 - atingindo 3,8 milhões de unidades, novo recorde -, embaladas pela redução do IPI, em vigor desde 22 de maio.

Para 2013, enquanto a Anfavea, a associação das montadoras, projeta um aumento médio de 3,5% tanto nas vendas quanto na produção, os especialistas traçam um cenário menos favorável. Stephan Keese, da consultoria Roland Berger, aposta num ambiente ruim de vendas no primeiro semestre, com leve recuperação na segunda metade do ano, resultando em alta de 2% em 2013.

- Houve muita antecipação de compras este ano, e o IPI ainda menor nos primeiros meses não vai mais ajudar as vendas. As concessionárias agora vão vender carro para reposição normal ou por demanda das empresas - diz Keese.

Sem o estímulo do IPI e com a perspectiva de preços mais altos, a Jato Dynamics vê o mercado brasileiro de automóveis estagnado no próximo ano e não descarta um encolhimento nas vendas.

Dos 3,8 milhões de veículos vendidos no país este ano, cerca de 450 mil foram importados, a maior parte pelas montadoras com fábricas aqui, que estão isentas da barreira do IPI adicional de 30 pontos percentuais imposta pelo governo aos importadores independentes.

Kesse diz que o ano será marcado por montadoras que iniciam suas produções locais:

- Haverá muita competição. O que, num ambiente de estagnação de vendas, vai aumentar a pressão para baixar preços e margens - diz.