Título: Novo prefeito de Recife promete choque de gestão
Autor: Lins, Letícia
Fonte: O Globo, 02/01/2013, País, p. 4

Funcionário público de carreira, e até o ano passado desconhecido pela maioria da população, o novo prefeito de Recife, Geraldo Julio (PSB), assumiu ontem prometendo uma gestão profissionalizada, com metas de desempenho, e, de imediato, extinguiu 632 cargos comissionados. Com um discurso recheado de elogios ao seu padrinho político, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, ele também criticou seus antecessores, sem citar nomes. Nos últimos 12 anos, Recife foi administrada pelo PT, com o apoio do PSB. A aliança acabou ano passado, quando Campos lançou Geraldo Julio.

Ao se referir a Campos, presidente do PSB e apontado como alternativa para disputar o Palácio do Planalto, em 2014, o prefeito o chamou de "jovem líder da política nacional", "muito admirado por todo o país", com "lugar de destaque" no futuro político do Brasil:

- A urgência exige uma gestão eficiente, que faz mais com menos e em menos tempo. Uma gestão profissionalizada, com metas e prazos a serem cumpridos, servidores valorizados e a utilização da meritocracia como importante instrumento na busca de resultados. É assim que o Partido Socialista vem governando em vários lugares do país. Aliás, não posso deixar de registrar um agradecimento especial a todos que trabalharam comigo no governo vitorioso do governador Eduardo Campos. Esse jovem líder da política nacional que nos servirá de exemplo.

ampla maioria na câmara municipal

Geraldo Julio conquistou a prefeitura de Recife ao disputar sua primeira eleição. O PSB apoiava as gestões petistas, mas, ano passado, Campos rompeu com o PT e lançou a candidatura de seu ex-secretário de Desenvolvimento Econômico.

- Passamos alguns anos, ou, quem sabe, décadas, vivendo no Recife um sentimento muito triste, que foi o tempo da desesperança. Ainda bem que, ao longo dos últimos anos, o desenvolvimento do Nordeste e de Pernambuco fez esse sentimento ir embora. Hoje, a esperança voltou e em 2012 se transformou em uma grande expectativa, se consolidou em um novo sentimento: vontade de participar da mudança que nossa cidade vai viver - afirmou.

O novo prefeito vai governar com folga política: dos 39 vereadores empossados ontem, só quatro são de oposição: o ex-ministro Raul Jungmann (PPS), Priscila Krause (DEM), Aline Mariano (PSDB) e André Régis (PSDB). Mesmo assim, Geraldo Julio preferiu não esperar e conseguiu, antes de assumir, aprovar três projetos de lei que, a seu pedido, foram enviados à Câmara Municipal pelo gestor que está saindo, João da Costa (PT).

O primeiro projeto cria uma política de parcerias público-privadas (PPPs)para o município; o segundo cria a função de analista de gestão; e o terceiro promove uma reestruturação administrativa. O prefeito prometeu sancioná-los ontem.

Pouco após ser empossado, Jungmann reconheceu que a oposição, em número tão reduzido, vai ter uma tarefa muito difícil:

- Vamos apelar e nos unirmos aos movimentos e redes sociais. O rolo compressor já começou, pois a Câmara aprovou a lei das PPPs em tempo recorde, 24 horas. Esse é um assunto muito sério, que em Brasília, no plano federal, levamos mais de um ano só discutindo.

Jungmann disse que a extinção de duas secretarias (que passaram de 24 para 22) não representará economia, porque foram criadas duas coordenadorias (Controladoria e de Projetos Especiais) com status de secretarias. E afirmou que a extinção de 632 cargos comissionados não reduzirá despesas, já que 300 analistas de gestão serão contratados.