Título: Na Europa, greve e alta de tarifas no Ano Novo
Autor:
Fonte: O Globo, 02/01/2013, Economia, p. 21

Para Espanha e Grécia, que estão no centro da crise financeira europeia, 2013 não começa bem. Os espanhóis terão de fazer frente a um aumento generalizado nas tarifas de energia, transporte e combustíveis, e o próprio ministro da Economia do país, Luis de Guindos, reconhece que o desemprego só deve melhorar no quarto trimestre do ano. Já os gregos começam o ano com um corte de 20% no salário mínimo, enquanto juízes, militares e médicos sofreram redução de 27% em seus rendimentos, informou o jornal "El País".

Os espanhóis terão de enfrentar reajustes de até 8% nas tarifas de energia elétrica, enquanto os aumentos de trens e ônibus serão, em média, de 3%. O litro de gasolina e diesel subirá entre 35 e 45 centavos de euro, dependendo da comunidade autônoma (governo local), e o pedágio, entre 2,4% e 3,5%. O governo ainda liberou a Telefónica para reajustar os preços da telefonia, o que não ocorria desde 2008. Os aumentos devem ser anunciados em fevereiro.

O rendimento da população, porém, não acompanhará esses reajustes. Os funcionários públicos estão com os salários congelados, e os aposentados terão reajuste de apenas 2% - sendo que, para quem ganha mais de ¬ 1 mil por mês, esse percentual será limitado a 1%. No setor privado, as projeções mais otimistas apontam reajuste de apenas 0,6%.

Em entrevista à rádio SER, o ministro da Economia tentou mostrar otimismo. Ele afirmou que no quarto trimestre de 2013 o desemprego vai recuar e que este ano serão colocadas as bases para a recuperação econômica espanhola. O desemprego no país está acima de 25%. De Guindos ainda defendeu a reforma trabalhista do governo Mariano Rajoy:

- Se tivéssemos feito essa reforma há dois ou três anos, teríamos evitado um milhão de desempregados - afirmou o ministro, que evitou afirmações taxativas sobre um possível pedido de socorro financeiro pela Espanha. - O resgate não se trata de apertar um botão para imediatamente melhorarem as condições de financiamento. Há muitas implicações, e o governo precisa analisá-las para fazer o melhor para a Espanha.

Atenas começa 2013 com greve

A situação espanhola só não é pior que a da Grécia, que começa o ano com cortes de até 27% nos salários de algumas categorias, como juízes, militares e médicos. O salário mínimo foi reduzido em 20% para 2013, ficando em ¬ 586 para quem tem mais de 25 anos e em ¬ 510,95 para os jovens. As empresas de varejo, por sua vez, instauraram uma semana de seis dias de trabalho sem pagamento de horas extras ou adoção de banco de horas.

Os gregos sofrerão ainda outro golpe no bolso: a partir de ontem está suspenso o pagamento de salário-família. As indenizações trabalhistas também serão drasticamente reduzidas, e as aposentadorias acima de ¬ 1 mil sofrerão cortes entre 5% e 20%.

Além disso, os salários dos funcionários de empresas estatais foram equiparados aos da administração pública. Isso fez com que os trabalhadores do metrô de Atenas fizessem ontem uma paralisação de 24 horas, em protesto contra a medida. "O trabalho do setor de transportes é muito mais complicado que o de um funcionário administrativo e merece ser mais bem remunerado", afirmou em nota o Sindicato dos Condutores do Metrô.

Todas essas medidas foram exigidas pelos credores internacionais como condição para conceder o resgate financeiro à Grécia. O desemprego no país está em 26%, chegando a superar 50% entre os jovens.