Título: Haddad quer elevar investimento de São Paulo ao patamar do Rio
Autor: Farah, Tatiana
Fonte: O Globo, 03/01/2013, País, p. 4

Um pacote de medidas contra enchentes e o pedido de levantamento de terrenos para a construção de três hospitais e 172 creches. Estas foram as duas principais ações do prefeito Fernando Haddad ontem, em seu primeiro dia de governo. Haddad confirmou que a expectativa da prefeitura é de que a renegociação da dívida com a União seja válida já para este ano. O prefeito recomendou ainda que todo o secretariado reveja os custos de suas pastas, mas não determinou metas de corte no orçamento.

- A sinalização (do governo federal) é de que essa questão (renegociação da dívida) será tratada em 2013 - disse o prefeito, que já teve duas reuniões com o ministro Guido Mantega, da Fazenda, e aguarda novo encontro para os próximos dias.

A prefeitura propõe uma troca no indexador da dívida, que ultrapassa os R$ 58 bilhões e atinge, segundo Haddad, o dobro da arrecadação anual. A pressa da prefeitura se explica pelos juros, que atingem R$ 4 bilhões ao ano. De acordo com Haddad, o indexador atual, o IGP-DI mais 9% ao ano, seria trocado pela taxa Selic ou o IPC mais 4%.

- Temos de dobrar o investimento público municipal para empatar, ao menos, com o Rio - disse Haddad, criticando o nível de investimento de São Paulo. O investimento per capita de São Paulo é de R$ 264 e o do Rio, R$ 526.

Haddad afirmou que convocou o secretariado a "verificar se há espaço para a redução de custos da prefeitura", mas que não estabeleceu nenhuma meta de corte no orçamento. Ele nomeou ontem o secretário da nova pasta, a Controladoria Geral do Município, que deverá fiscalizar os gastos públicos nos moldes da Controladoria Geral da União (CGU).

O prefeito anunciou que o pacote antienchentes, focado nos primeiros três meses do ano, período crítico das chuvas, terá 16 medidas, entre elas um monitoramento diário das áreas de alto risco. O monitoramento seria feito por geógrafos e comandado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), ligado à USP. Entre as medidas, também estão a transferência do gerenciamento de emergências para a Defesa Civil e a centralização dos contratos de limpeza de bocas de lobo e da rede pluvial, além da ampliação desse serviço de limpeza bimestral para quinzenal nos períodos críticos.

Corte de gastos

Já os prefeitos de Curitiba, Florianópolis, Campo Grande e Cuiabá anunciaram ontem, em suas primeiras ações de governo, medidas de corte de gastos e enxugamento da máquina pública. O prefeito de Florianópolis, Cesar Souza Júnior (PSD), determinou o corte de 30% nos gastos de todas as secretarias.

Em Curitiba, o prefeito Gustavo Fruet (PDT) determinou a redução de no mínimo 15% dos gastos de custeio e a suspensão de todos os pagamentos da administração municipal em valores acima de R$ 30 mil. O mesmo decreto que suspende os pagamentos cria o Comitê de Transparência e Responsabilidade Financeira, que vai avaliar todas as despesas de custeio e pessoal, investimentos, pagamento de amortização dos serviços da dívida e restos a pagar.

Como medida de corte de gastos, o prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes (PSB), exonerou ontem cerca de 5% dos funcionários comissionados. Do total de 15 mil servidores, 760 foram desligados.

Em Campo Grande, o prefeito Alcides Bernal (PP) determinou aos secretários já nomeados a realização do inventário de bens e um levantamento da situação de cada pasta, para que, a partir deste diagnóstico, sejam definidas as ações a serem tomadas.