Título: Gastos no exterior crescem, apesar de dólar alto
Autor: Valente, Gabriela; Bôas, Bruno Villas
Fonte: O Globo, 06/01/2013, Economia, p. 36

Se influenciou decisões em­presariais e comerciais ao lon­go do ano passado, a valoriza­ção do dólar não foi suficiente para impedir que os brasileiros viajassem e gastassem como nunca no exterior. Segundo dados do Banco Central (BC), os gastos dos turistas brasilei­ros somaram US$ 20,2 bilhões de janeiro a novembro de 2012, aumento de 4% em com­paração ao mesmo período do ano anterior.

Mesmo com a valorização do câmbio turismo de R$ 1,90 em janeiro de 2012 para R$ 2,15 em janeiro deste ano, uma alta de 13%, as casas de câmbio ga­rantem que a procura por dó­lares não recuou no período.

— A cotação subiu e, mesmo assim, a demanda por moedas estrangeiras, principalmente o dólar, não cai — diz Vivian Portella, da BT Corretora. — Mas também não houve falta de moeda para os viajantes.

Um dos motivos para a pro­cura seguir em alta é o interes­se em fazer compras no exteri­or, principalmente em desti­nos como Miami e Nova York, que seguem vantajosos mesmo após a alta do dólar. Um iPad com tela Retina de 16GB Wi-Fi nos EUA custa US$ 499. Pelo câmbio atual, ele sai a R$ 1.072. Pelo câmbio de um ano atrás, custaria R$ 948. Em am­bos os casos, o valor é menor do que o preço do aparelho vendido no Brasil, de R$ 1.749.

Para o especialista em finan­ças Mauro Calil, os brasileiros também viajam e gastam mais porque se sentem financeira­mente mais seguros com o atu­al nível de emprego e renda.

Se a perspectiva de em­prego segue positiva, ele com­pra um pacote parcelado para ir ao exterior, independente­mente da taxa de câmbio.

Segundo Vivian, da BT Cor­retora, os turistas ainda con­fundem a cotação do dólar co­mercial — usada em opera­ções entre bancos e empresas — e a do dólar turismo, que va­le para quem planeja uma via­; gem. O turismo geralmente custa R$ 0,10 a mais do que o comercial. Ela diz que existem motivos para isso, como o pró­prio custo de impressão do papel-moeda no exterior.

A importação do dólar em papel tem custo para os ban­cos e, além disso, existem ris­cos diversos incluídos no pro­cesso de venda do papel-moeda — explica Vivian. (Bruno VülasBôas)®