Título: Incra: corte orçamentário e greve reduziram assentamentos
Autor: Farah, Tatiana
Fonte: O Globo, 06/01/2013, País, p. 7

Comando do órgão foi substituído após demissão do ministro Florence

SÃO PAULO O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) confirmou, por sua assessoria de imprensa, que reduziu a meta de 35 mil para 22 mil famílias assentadas em 2012. A instituição só deve divulgar os dados definitivos do ano no final de janeiro.

Segundo a assessoria, o ano foi marcado por um contingenciamento orçamentário e pela greve que paralisou os funcionários por cerca de três meses, o que levou à redução da meta, já considerada baixa pelos movimentos sem-terra e por especialistas.

Em março, a tensão entre o governo e os movimentos sociais na questão da reforma agrária foi um dos fatores que levaram à demissão do ministro Afonso Florence da pasta de Desenvolvimento Agrário. Com a entrada de Pepe Vargas no cargo, a presidência do Incra também foi substituída, de Celso Lacerda para Carlos Guedes. A meta de assentamentos, no entanto, acabou reduzida.

Na última semana do ano, o Incra anunciou que 2013 deverá contar com o assentamento de pelo menos 16 mil famílias em 336 áreas que ainda serão adquiridas pelo governo. No mesmo dia, foram publicados decretos no Diário Oficial da União declarando dez propriedades de interesse social para fins de reforma agrária num total de 18 mil hectares e capacidade para receber 510 mil famílias. A instituição anunciou ainda que deverá integrar os assentamentos de reforma agrária ao programa habitacional Minha Casa Minha Vida.

O Incra anunciou o pagamento de R$ 98,2 milhões por áreas que estavam em processo de desapropriação e com pendências judiciais há mais de uma década. Uma delas é a Usina Cambayba, em Campos dos Goytacazes, no Rio. Segundo o livro "Memórias de uma guerra suja", com a biografia do ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) Cláudio Guerra, o lugar teria sido utilizado, durante a ditadura, para incinerar corpos de militantes de esquerda. Segundo o Incra, o imóvel estava sob contenda judicial há 14 anos e deve ser usado para reforma agrária.