Título: Governo reunido em Cuba
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Fonte: O Globo, 14/01/2013, Mundo, p. 21

As três figuras mais poderosas do governo da Venezuela depois do presidente Hugo Chávez passaram o fim de semana em Havana em busca de articulações políticas. O vice-presidente venezuelano, Nicolás Maduro; o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello; e o ministro do Petróleo, Rafael Ramirez, reuniram-se o presidente de Cuba, Raúl Castro. A procuradora-geral do Estado, Cilia Flores, também esteve presente às conversas. E essa série de encontros serviu para polarizar o país e irritar ainda mais uma oposição ávida por informações concretas sobre o estado de saúde do presidente Hugo Chávez. O dirigente opositor Leopoldo López criticou o fato de Havana ter se transformado "no centro político da Venezuela".

- Estão tomando as decisões em Havana, e isto, claramente, é uma ingerência à soberania nacional. A capital da Venezuela se mudou a Havana, como se fôssemos uma colônia de outro país - acusou o López, líder do Movimento Vontade Popular.

Criticado por uma postura considerada pouco decisiva - o que, segundo analistas, indicaria fissuras dentro da oposição - , o líder da Mesa de Unidade Democrática (MUD) e governador de Miranda, Henrique Capriles, voltou a condenar a "paralisia nacional". Mas, diante de inúmeras manifestações pró-Chávez em todo o país, reiterou que não cederá a quaisquer provocações do chavismo. "Nós não vamos jogar o jogo de juntar gente nas ruas para criar uma confrontação que vai beneficiar os violentos e os radicais", escreveu ele, no diário "La Región".

O bloco governista rebateu os apelos opositores e ontem convocou diversos atos populares em apoio a Chávez. Segundo o ex-presidente Elias Jaua, do governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), apesar da ausência de Chávez na data suposta de sua posse, no último dia 10, houve uma "ruptura no velho modo de se fazer política na Venezuela".

- Fomos todos a um juramento coletivo dizer que somos Chávez. O povo venezuelano manda por cima de formalismos, pactos ou acordos. A política recuperou seu caráter original, o de que o poder é do povo, e não de outros. Já não é possível que formalismos da democracia burguesa substituam a essência da democracia - declarou ele, aplaudido em Caracas.

LULA VAI A HAVANA NO FIM DO MÊS

Pelo Twitter, o ministro de Comunicação, Ernesto Villegas, explicou que o objetivo da viagem do alto escalão do governo a Cuba foi levar a Chávez um relatório sobre as manifestações de apoio da população e das Forças Armadas.

A presença dos principais nomes do governo venezuelano na ilha renovou os rumores da morte de Chávez - negados veementemente pelo irmão dele, Adán. O silêncio, porém, foi mantido. A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, deixou Cuba sem falar sobre o estado de Chávez, assim como o presidente peruano, Ollanta Humala. No fim do mês, é a vez de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ir à capital cubana. Lula participará de diversos eventos em Havana e, embora não confirmada , uma visita a Chávez não estaria descartada.