Título: PM do Rio usa os próprios carros para atendimento
Autor: Falcão, Jaqueline; Voitch, Guilherme
Fonte: O Globo, 09/01/2013, País, p. 3

Regulamento da corporação prevê que policial pode avaliar gravidade das vítimas

O socorro de vítimas em locais de crime, principalmente após confrontos com a polícia do Rio, pode ser feito tanto pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) como pelos próprios policiais. Não há restrições no atendimento aos feridos. De acordo com o regulamento da Polícia Militar do Rio, em caso de lesão corporal, o policial deve solicitar a presença do Corpo de Bombeiros para fazer o atendimento, mas o PM tem a opção de avaliar se há condições de a ambulância seguir para o local do crime ou se a vítima precisa de cuidados médicos de imediato. Nesse caso, os próprios policiais a socorrerem. Em nota, a corporação fluminense informou que "a PM pode, sim, proceder com o socorro em suas próprias viaturas".

O assunto é polêmico no Rio, sendo alvo de críticas de especialistas na área de segurança. Ao promover o socorro de uma vítima, em alguns casos, o policial descaracteriza o local do crime. Os erros durante a investigação do desaparecimento do menino Juan de Moraes, de 11 anos, em junho de 2011, numa favela de Nova Iguaçu (o corpo de Juan foi removido do local), levaram a chefe de Polícia Civil do Rio, delegada Martha Rocha, a assinar a portaria 553, criando uma série de procedimentos para apurar ocorrências nas quais houve suposto confronto com a polícia. Uma delas foi a preservação da cena do crime para o trabalho da perícia, de preferência por uma equipe diferente da que esteve na ação.

Embora a Secretaria de Segurança do Rio não siga nem tenha planos para adotar a recomendação do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, de mudar, nos boletins de ocorrência, a denominação de auto de resistência - casos em que há mortes durante confrontos -, a chefe de Polícia Civil do Rio, na mesma portaria, exigiu mais rigor dos delegados na apuração desse tipo de crime.