Título: ANP confirma mais álcool na gasolina
Autor: Rosa, Bruno; Beck, Martha, Bonfati, Cristiane
Fonte: O Globo, 18/01/2013, Economia, p. 23

A diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard, afirmou ontem que as indicações da safra 2012/2013 de cana-de-açúcar são positivas e que, por isso, acredita que é possível elevar de 20% para 25% a mistura do álcool na gasolina a partir de abril, quando começa a próxima safra.

- Acredito que sim (que dá para elevar a mistura do álcool na gasolina). As indicações da safra são positivas - disse Magda durante solenidade da Transpetro, que inaugurou o navio Rômulo Almeida, construído pelo estaleiro Mauá.

Ao elevar a quantidade de álcool na gasolina, a Petrobras reduz sua necessidade de importação. A defasagem de preço entre o mercado externo e interno tem reduzido a geração de caixa da empresa. Segundo dados preliminares da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), houve avanço de 7,74% na moagem na safra 2012/2013 até dezembro frente ao período anterior.

Com mais álcool na gasolina, o reajuste do combustível teria menos peso no bolso do consumidor. O Ministério da Fazenda, que já admitiu defasagem no valor do combustível, disse que deve haver um reajuste de cerca de 7%, sem data definida. O índice é menor que os 15% que vêm sendo pedidos pela Petrobras. Outra mudança em estudo é a simplificação de tributos como PIS/Cofins.

Às voltas para controlar a inflação, o governo decidiu pedir ajuda aos estados para segurar as tarifas de transporte urbano e diluir os aumentos de preços que, tradicionalmente, ocorrem nos primeiros meses do ano. Além de fazer um apelo para evitar que uma pressão maior sobre os preços agora influencie as previsões dos analistas para o ano, a equipe econômica conta com uma contrapartida dos 42 setores beneficiados pela desoneração da folha de pagamento. A negociação é para que, em troca da substituição da contribuição patronal previdenciária de 20% sobre a folha por uma taxa de 1% a 2% sobre o faturamento, as empresas não apenas realizem mais investimentos, mas também façam reajustes menores.

- A desoneração da folha terá impacto positivo sobre a inflação. As empresas não precisam reajustar os preços porque tiveram redução de custos - disse um técnico do governo.

O governo avalia ainda que, além de o câmbio ter iniciado 2013 mais estável, este ano não deve se repetir o choque de oferta de alimentos de 2012 devido à seca nos EUA. A análise é de que as tarifas aéreas, por exemplo, subiram muito no ano passado porque sofreram o impacto do dólar - além de a querosene ser cotada em dólar, os aviões são adquiridos em leasing, também na moeda. E com o câmbio estável e alívio fiscal concedido ao segmento, não haveria motivos para altas expressivas.