Título: Prova já está no forno
Autor: Mariz, Renata
Fonte: Correio Braziliense, 16/10/2009, Política, p. 9

Questões para o exame que será aplicado em dezembro chegam hoje à gráfica. MEC divulga balanço de plano de formação de professores

Maria do Pilar defende que a qualificação dos professores resulta em incremento salarial dos profissionais

As novas questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), elaboradas depois que os testes anteriores vazaram, devem chegar hoje à gráfica RR Donnelly Moore, contratada sem licitação pelo Ministério da Educação (MEC). Depois de já gastos R$ 38 milhões com a impressão das provas inutilizadas devido à fraude, a pasta desembolsará mais R$ 31,9 milhões. Para tentar evitar novo escândalo, o ministério colocará funcionários próprios dentro da gráfica, localizada em Barueri (SP). Lá mesmo, os testes serão montados e empacotados. Em seguida, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos buscará o material para fazer a distribuição aos pontos de apoio, onde as avaliações ficarão guardadas até os dias de aplicação ¿ 5 e 6 de dezembro.

O ministro da Educação, Fernando Haddad, explicou que o MEC decidiu fazer a contratação direta por questões de segurança, em vez de deixar a missão a cargo do consórcio de empresas, formado pelo Centro de Seleção e Promoção de Eventos (Cespe) e pela Fundação Cesgranrio, que ficará à frente do Enem depois da fraude. Segundo ele, o contrato com as duas organizadoras ainda não foi fechado e, portanto, não se sabe quanto a aplicação do Enem, mesmo diante de tamanha confusão, custará aos cofres públicos. Outra indagação é sobre quem vai pagar os R$ 38 milhões repassados ao consórcio de empresas que, depois do escândalo, teve o contrato rompido ¿amigavelmente¿ com o MEC.

¿Temos de aguardar os resultados de uma auditoria que abrimos para verificarmos os responsáveis. Só depois disso a Advocacia-Geral da União poderá cobrar o ressarcimento. Nem temos ainda o resultado final do inquérito policial¿, explicou Haddad, referindo-se à apuração da Polícia Federal em São Paulo.

Professores Ontem, além dos desdobramentos do Enem, o ministro aproveitou o Dia do Professor para divulgar o resultado da primeira etapa de uma política voltada para o grupo. Trata-se do Plano Nacional de Formação de Professores, que, na primeira etapa, inscreveu 49,8 mil docentes da educação básica em 13 estados para cursos de graduação (tanto presenciais quanto a distância).

Algumas turmas dessa primeira etapa do plano já começaram a ter aulas. Outras serão iniciadas até dezembro deste ano. Cerca de 10 mil vagas ofertadas não foram preenchidas. ¿São pessoas que vão se aposentar, que estão onde ainda não há turmas fechadas, ou que não se interessaram. Isso porque é preciso que o professor queira¿, diz Maria do Pilar Lacerda, secretária de Educação Básica do MEC. Segundo ela, a qualificação, além de melhorar o desempenho em sala, traduz-se em aumentos salariais, o que estimula o professor. ¿Quantas pessoas não abandonam a tarefa por ficarem desestimuladas?¿, questiona. Levantamento do MEC aponta um salário médio nacional, em 2008, de R$ 1.527 para os professores, enquanto a remuneração dos trabalhadores fica em R$ 921.