Título: Haddad: União age como agiota ao cobrar municípios
Autor: Guandeline, Leonardo
Fonte: O Globo, 15/01/2013, País, p. 4

Prefeito de SP volta a pedir renegociação de dívida da cidade; ônibus ficará mais caro até junho

leonardo@sp.oglobo.com.br

SÃO PAULO O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), disse ontem que o governo federal atua como "agiota" na questão da dívida com estados e municípios. Perguntado sobre o repasse de recursos da União e como viabilizar no município os projetos prioritários de campanha, o petista citou o novo acordo que prevê a mudança do indexador da dívida, em pauta no Congresso Nacional. Haddad também anunciou que um novo aumento da tarifa de ônibus na cidade deve ocorrer neste primeiro semestre:

- Tenho segurança de que o Congresso será sensível a essa agenda (orçamento e repasse de recursos para os estados) porque envolve praticamente todos os estados e algumas prefeituras importantes do país. Nós temos de fazer esse registro a favor do gesto da presidenta Dilma Rousseff. Ela, depois de anos, encaminhou uma lei complementar mudando o pacto federativo no que diz respeito ao endividamento. E por que ela fez isso? Porque a União, por assim dizer, enriqueceu às custas de estados e municípios. Quando a União cobra uma taxa de juros do município de São Paulo superior ao que ela própria paga para o mercado para rolar sua própria dívida, ela está enriquecendo as nossas custas. Virou agiota - disse Haddad, em entrevista à rádio "Jovem Pan".

Segundo Haddad, antes essa discussão "era um tabu". Ele pretende ir a Brasília para conversar com os presidentes da Câmara e do Senado.

- O tabu, quando está errado, precisa ser revisto. Nesse caso, trouxe um prejuízo para a Federação inestimável. Para São Paulo, diria que isso é imprescindível, nós não temos mais um ano para perder. Esse contrato da dívida foi assinado no ano 2000. São 13 anos de arrocho.

O prefeito acrescentou que espera recuperar a capacidade de investimento da cidade com a renegociação da dívida com a União e com parcerias firmadas com os governos estadual e federal e a iniciativa privada.

Depois, na abertura de evento do setor de couro, Haddad falou sobre o reajuste da tarifa de ônibus, que deverá ocorrer neste primeiro semestre do ano. O novo valor (a passagem custa, desde janeiro de 2011, R$ 3) ainda será estudado, mas "jamais será superior à inflação acumulada no período".

- Apesar do fato de que toda a Região Metropolitana já reajustou (a tarifa), estamos fazendo os estudos porque temos uma licitação no meio do ano. Então, não quero tomar nenhuma decisão precipitada. Sempre lembrando que o reajuste jamais será superior à inflação acumulada no período, compromisso de campanha.