Título: PSD quer Afif na Esplanada
Autor:
Fonte: O Globo, 22/01/2013, Política, p. 3

O PSD começa a mostrar que será um aliado com potencial para dar trabalho ao governo federal. O partido busca artifícios jurídicos para assegurar a indicação de Guilherme Afif Domingos para a vaga de ministro, provavelmente da futura pasta da Micro e Pequena Empresa, que ainda precisa ser aprovada pelo Senado. O grande problema é que Afif é o atual vice-governador de São Paulo e o partido pretende que ele acumule as duas funções ao longo dos próximos dois anos.

A justificativa da ala jurídica da legenda é que isso já ocorreu em outras situações, quando o vice-governador ocupava também o cargo de secretário estadual. O próprio Afif, em 2011, acumulava o posto de substituto natural de Alckmin com o de Secretário de Desenvolvimento Econômico. No plano federal, isso ocorreu quando José Alencar exerceu simultaneamente as funções de vice-presidente e ministro da Defesa.

O ineditismo se dá, exatamente, no fato de o acúmulo de cargos ocorrer nos planos federal e estadual. Afif, por exemplo, tem previsto para o mês de fevereiro — mesmo período em que Dilma deverá promover a minirreforma ministerial — uma viagem para conversar com investidores londrinos em busca de recursos para diversas PPPs programadas pelo governo de São Paulo.

Além disso, Alckmin e Dilma não são inimigos, mas não são adversários políticos. Com a vitória de Fernando Haddad para a prefeitura de São Paulo, aumentaram as pressões do PT para cercar o PSDB. Com ações municipais e federais tomadas em conjunto, os petistas pretendem derrubar os tucanos do poder paulista, que ocupam desde 1994.

Outros nomes Desde que decidiu abrigar o PSD no governo federal, a presidente Dilma Rousseff sempre viu o nome de Guilherme Afif Domingos como uma excelente opção ministerial. A pasta da Micro e Pequena Empresa, na opinião de aliados do governo, combinaria perfeitamente com o perfil empreendedor de Afif.

As conversas ganharam corpo quando o ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab confirmou, pouco depois da vitória de Haddad, que a parceria com o PSDB no plano estadual seria extinta a partir das eleições do ano que vem. Mas o Planalto sempre deixou claro que convidar Afif seria complicado, já que o gesto poderia ser considerado uma afronta ao poder estadual.

Segundo apurou o Correio, ainda existem várias reticências nesse debate. Na visão de aliados de Dilma, o PSD, que já tem o cargo de vice-governador de São Paulo, indicaria outros nomes para o ministério, para não perder um cargo importante no maior estado brasileiro. As opções postas à mesa são o presidente da Confederação Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Safady Simão, ou o líder do partido na Câmara, Guilherme Campos (SP).

A outra mudança que a presidente vai promover é mais simples. Após as eleições para as mesas diretoras da Câmara e do Senado, ela deve efetivar o convite para que o deputado Gabriel Chalita ocupe o Ministério da Ciência e Tecnologia no lugar do técnico Marco Antonio Raupp. Chalita foi considerado essencial para a vitória de Haddad no segundo turno das eleições paulistanas. (PTL)

49 Quantidade atual de deputados federais do PSD em exercício na Câmara