Título: Capiberibe ataca candidatura de Renan
Autor: Krakovics, Fernanda
Fonte: O Globo, 19/01/2013, País, p. 9

Em carta aberta, senador do PSB diz que é hora de mudar práticas no Senado

BRASÍLIA Depois do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), ontem foi a vez de o senador João Capiberibe (PSB-AP), do mesmo grupo dos chamados independentes, soltar uma carta aberta atacando a candidatura do líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL), à presidência do Senado e defendendo uma "oxigenação" no comando da Casa. A eleição ocorrerá no dia 1º de fevereiro

Renan já ocupou a presidência do Senado e deixou o cargo em 2007 em meio a denúncias sobre pagamento de despesas pessoais por um lobista de empreiteira. O peemedebista deixou a presidência em um acordo político para evitar a cassação de seu mandato.

Os independentes lançaram nos últimos dias duas candidaturas de protesto contra Renan, cuja eleição é dada como certa: a dos senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e de Pedro Taques (PDT-DF). Esse grupo reúne 12 dos 81 senadores e tem a promessa de apoio de parte do PSDB, inclusive do líder da bancada tucana Álvaro Dias (PR). Como a votação para a presidência do Senado é secreta, eles contam ainda com traições a Renan.

- O que devemos decidir é se aceitamos mais do mesmo ou, ao contrário, se pretendemos interferir na sucessão visando oxigenar o debate político - escreveu Capiberibe. - É que a questão envolve a mudança de práticas não republicanas, um jogo de cartas marcadas que impede a oxigenação do Poder Legislativo, haja vista que as duas presidências (Câmara e Senado) são ocupadas em rodízio desde o primeiro mandato de Lula apenas por dois partidos da base de tantas legendas partidárias.

Há um acordo de procedimento nas duas Casas para que a presidência seja ocupada pelo partido que possui a maior bancada. No Senado, o PMDB é majoritário e, na Câmara, PT e PMDB fizeram um acordo para haver um rodízio. Assim, apesar de os petistas terem o maior número de deputados, há um entendimento para que os peemedebistas, que são a segunda maior bancada, comandem a Câmara nos próximos dois anos com o deputado Henrique Alves (PMDB-RN). Mesmo assim, o PSB tem um candidato avulso, o deputado Júlio Delgado (MG).

Adversário político do atual presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), Capiberibe afirma no documento que "foram gestões atrasadas, equivocadas e práticas nada republicanas que fizeram do Legislativo um Poder desacreditado pela sociedade". O mandato de Sarney no comando do Senado foi marcado pelo escândalo dos atos secretos, em 2009. A direção do Senado contratava funcionários, inclusive parentes de senadores, e tomava outras providências administrativas sem que esses atos fossem publicados no Diário do Senado, ou seja, sem que houvesse publicidade.