Título: Tarifa menor abre espaço para aumento no preço da gasolina
Autor: Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 24/01/2013, Economia, p. 23

A redução de 18% no preço da energia elétrica cria uma folga maior para o reajuste da gasolina, previsto para os próximos meses. Para analistas, a luz mais barata poderá reduzir em até 0,6 ponto percentual o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano. Segundo o economista André Perfeito, da Gradual Investimentos, com a redução na tarifa de energia, haveria espaço para a Petrobras reajustar em até 15% o preço da gasolina sem pressão na inflação.

- O mercado espera um reajuste de até 10% na gasolina. Com isso, ainda assim, graças à redução na tarifa de luz, a inflação vai ceder - diz.

Na avaliação de Perfeito, porém, o fato de o corte ser maior para as tarifas das indústrias, agricultura, comércio e serviços (até 32%), confirma a preocupação do governo em trabalhar para um crescimento mais consistente, ante o "pibinho" de 2012.

- Sem dúvida, não será isso que controlará a inflação. O efeito maior é no crescimento.

Para integrantes do governo, a redução nas tarifas acima do prometido terá impacto maior no Produto Interno Bruto (PIB) do que no controle da inflação. Já o provável aumento do subsídio do Tesouro Nacional para reduzir ainda mais as tarifas de energia é amparado por um estudo que circulou no governo federal, apontando que uma redução de R$ 1 nas tarifas de energia resulta em um aumento de R$ 6 a R$ 8 no PIB ao longo do ano, por causa do aquecimento que gera na economia.

impacto no preço final será menor

A arrecadação federal com impostos tenderia até a superar a perda de receita das distribuidoras com a redução, aponta esse cálculo. A diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) vai se reunir hoje para detalhar a revisão extraordinária anunciada pelo governo com a queda das tarifas de energia elétrica.

Mas o real impacto no bolso do consumidor ainda não foi calculado, porque mais da metade das 65 distribuidoras do país terá reajuste de tarifas em 2013. Entre as 37 empresas que terão reajuste em 2013, estão a Ampla, no Rio, em março; Copel, do Paraná, em junho, e a Eletropaulo, da região metropolitana de São Paulo.

Com a redução média das tarifas de 16,2% prevista inicialmente pela presidente Dilma Rousseff, a estimativa dos técnicos do governo era de que somado ao reajuste de março da Ampla, em média de 14%, o impacto da medida na conta de luz no bolso do cliente da distribuidora fluminense fosse praticamente nulo, uma queda somente de 2,2%. Agora, porém, como a presidente prometeu uma redução maior, o resultado final para o consumidor será melhor.

As 28 empresas que passarão pela terceira revisão tarifária, processo também previsto nos contratos, que acontece a cada quatro ou cinco anos, deverão ter uma queda nas tarifas entre 8% e 3%, ao longo de 2013. Esta estimativa é das próprias empresas.