Título: PSDB acusa Dilma de antecipar a campanha com discurso na TV
Autor: Gama, Júnia; Krakovics, Fernanda; Farah, Tatiana
Fonte: O Globo, 25/01/2013, Economia, p. 22
O pronunciamento da presidente Dilma Rousseff sobre a redução da tarifa de energia elétrica gerou uma guerra de notas entre partidos da oposição e o PT. O PSDB emitiu nota, assinada pelo presidente da legenda, Sérgio Guerra, na qual criticou ontem o pronunciamento. No texto, o tucano afirma que o governo do PT ultrapassou "um limite perigoso para a sobrevivência da jovem democracia brasileira" e que "desqualificou os brasileiros que ousam discordar de seu governo". Além disso, afirmou que houve uma antecipação da campanha à reeleição. Parlamentares da base saíram em defesa da presidente e negaram que ela tenha feito uso indevido de um meio de comunicação.
"O país assistiu à mais agressiva utilização do poder público em favor de uma candidatura e de um partido político: o pronunciamento da presidente Dilma Rousseff, em rede nacional de rádio e TV, sob o pretexto de anunciar, mais uma vez, a redução do valor das contas de luz, já prometida em rede nacional há quatro meses e alardeada em milionária campanha televisiva paga pelos contribuintes", diz a nota do PSDB, que termina afirmando tratar-se de antecipação da campanha à reeleição: "Em vez de assumir suas responsabilidades de gestora, fazendo o governo produzir, o que se vê é o lançamento prematuro de uma campanha à reeleição, às custas do uso da máquina federal e das prerrogativas do cargo presidencial".
- Acho normal o PSDB fazer oposição a tudo, só acho que eles deveriam fazer oposição ao governo, e não ao Brasil. Tem coisas que são boas para o conjunto do país. Se você reduz a tarifa de energia para empresas e famílias, não é coisa de um partido, é para beneficiar todo um país. Tudo o que a presidente fez foi com base na Constituição e na lei. Ela pode usar rádio e televisão, que são concessões do poder público. A eleição é só daqui a um ano e meio, como podem dizer que há uso eleitoral? - disse o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP).
O senador Aécio Neves, potencial adversário da presidente na disputa de 2014, também fez críticas. Em nota, afirmou: "Falou à nação não a presidente da República, mas um partido político, evidenciando, como nunca antes neste país, a mistura entre o público e o particular; o institucional e o partidário. (...) Como senador da República, registro meu pesar por este triste marco de quebra do princípio da impessoalidade no exercício da Presidência da República".
Outro partido de oposição, o DEM, censurou a medida. "O anúncio da diminuição das tarifas deveria ter sido marcado pela cautela do que pelo exagero do desafio o qual o governo pode um dia se arrepender. Deus queira que tudo dê certo", afirmou em nota o presidente do partido, senador José Agripino.
contra a redução tarifária
Já o líder do PT na Câmara, José Guimarães, divulgou nota defendendo Dilma e ressaltando que as concessionárias que não renovaram a concessão em 2012, sob as novas regras para redução da tarifa impostas pelo governo, são de estados controlados pelo PSDB. O texto critica diretamente o partido. "Resolveram assumir uma posição dura contra a redução das tarifas de energia elétrica, talvez supondo que conseguiriam derrotar a proposta do governo."
Rui Falcão, presidente nacional do PT, também rebateu a nota do PSDB: "Como a presidenta Dilma não citou partidos nem adversários em seu pronunciamento, creio que os tucanos vestiram a carapuça, pois se identificaram com a referência da presidente Dilma àqueles "que são sempre do contra" e que "estão ficando para trás""."
Secretário de Energia de São Paulo, o tucano José Aníbal, se disse surpreso com o discurso "excessivamente político" da presidente. Segundo ele, Dilma usou "um espaço que a legislação faculta para falar de um interesse público, mas preferiu atacar e politizar a questão". Sobre a redução nas tarifas, ele disse que "não foi por generosidade", mas porque o governo sabe que a alta na gasolina terá impacto forte na inflação, e parte disso será compensado com o menor valor da eletricidade.
Em comunicado, a Copel, do Paraná, que não aderiu às regras do governo para antecipar a renovação de concessões na área de geração, anunciou que suas tarifas ficarão mais baratas (18% a residencial e 32% a comercial). "O Paraná contribuiu para esta redução quando a Copel renovou sua concessão de transmissão", disse o governador Beto Richa na nota.