Título: Atraso: bancos reservaram R$ 113 bilhões contra perdas
Autor: Valente, Gabriela
Fonte: O Globo, 26/01/2013, Economia, p. 21
Nos nove primeiros meses de 2012, houve alta de 16% frente a 2011
SÃO PAULO
Os elevados índices de inadimplência ao longo de 2012 levaram os bancos a reforçarem as provisões contra calotes no crédito. Dados relativos aos balanços das 24 principais instituições financeiras do país, compilados pela Austin Rating, mostram que, entre janeiro e setembro do ano passado, o saldo de recursos provisionados somava R$ 113,38 bilhões, valor 16,4% maior que os R$ 97,4 bilhões de um ano antes. Comparadas à carteira de empréstimos desses bancos, que somava R$ 1,88 trilhão, as reservas contra calotes correspondiam a 6% do total.
- Esse patamar de provisões é relativamente alto para um país que não tem desemprego em massa ou empresas quebrando em série, mas dá ao setor um nível adequado de cobertura contra eventuais perdas - diz Luis Miguel Santacreu, analista da Austin Rating.
O Banco do Brasil, o número um do ranking nacional, foi, entre os grandes bancos, o que menos reforçou suas provisões até setembro, com aumento de 2,2%, para R$ 19 bilhões. Já o Itaú Unibanco, o maior entre os privados, tinha um saldo de provisões de R$ 27,6 bilhões, 12% mais que um ano antes. No Bradesco, o aumento das reservas contra perdas com calotes foi de 9,6%, para R$ 20,9 bilhões.
O cenário de baixo crescimento, famílias mais endividadas e inadimplência alta fez os bancos serem mais cautelosos na concessão de crédito. Em nove meses, Itaú Unibanco e Bradesco, por exemplo, expandiram seus empréstimos em apenas 7,3% e 9,2%, respectivamente, longe das taxas de anos anteriores.
- Esse cenário deixou os bancos mais reativos, por isso 2012 não foi bom para os lucros do setor (que caíam 9,8% no acumulado de nove meses da amostra da Austin Rating). Além disso, os juros menores diminuem os ganhos, e os bancos agora terão de remar mais e cortar despesas para manter seus lucros - afirmou Santacreu.