Título: Criação de empregos com carteira é a menor desde 2009
Autor: Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 26/01/2013, Economia, p. 22
Em 2012, país abriu 1,3 milhão de vagas, 34% menos que em 2011
BRASÍLIA
O total de empregos com carteira assinada criados em 2012 foi de 1,301 milhão, o menor desde 2009, quando foram abertos 1,296 milhão de postos de trabalho. Em relação a 2011, houve queda de 34,7%, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado ontem pelo Ministério do Trabalho. Na comparação dos dois primeiros anos da presidente Dilma Rousseff com igual período do governo Lula, ela está à frente, com a criação de 3,2 milhões de empregos (2011/2012), contra 2,6 milhões (2003/2004).
Do total de empregos criados no ano passado, a maioria foi no setor de serviços, com 666,1 mil postos. Em segundo lugar, vieram o comércio (372,3 mil) e a construção civil (149,2 mil). Nas atividades onde houve menos empregos abertos os destaques foram administração pública (1,4 mil), agropecuária (4,9 mil) e serviços industriais (10,2 mil).
Na avaliação de Rodrigo Leandro de Moura, economista da Fundação Getulio Vargas, os últimos resultados indicam que a redução da atividade econômica já está se refletindo no mercado de trabalho. As empresas, comentou Moura, podem estar postergando novas contratações, monitorando os próximos passos da economia.
- Há, ainda, a questão da oferta de trabalhadores, que está mais escassa, principalmente a mão de obra mais especializada - disse o economista.
Em dezembro, houve perda de 496.944 vagas. As maiores quedas ocorreram na indústria de transformação, em serviços e na construção civil, devido à desaceleração econômica. Embora normalmente o saldo seja negativo no mês, o número surpreendeu.
- Houve uma perda de empregos maior do que a esperada e do que a sazonalidade sugeria. Foram destruídos quase 500 mil postos. A expectativa era de 400 mil - disse José Márcio Camargo, economista especializado em mercado de trabalho.
Em 2012, houve 21,619 milhões de admissões e 20,317 milhões de desligamentos. De acordo com o diretor de políticas públicas de emprego do Ministério do Trabalho, Rodolfo Torelly, a expectativa é que, do total de trabalhadores demitidos, 7,5 milhões solicitem o seguro-desemprego.
- Esperamos que retomemos em 2013 o patamar médio de dois milhões de empregos (incluindo o Caged e a contratação de servidores públicos) - disse Torelly.
"Números não são absolutos"
Já o ministro do Trabalho, Brizola Neto, disse que o aumento das contratações este ano será favorecido pelas últimas medidas de estímulo à economia tomadas pelo governo, como a redução dos juros, as desonerações de impostos e da folha de pagamento, e a queda das tarifas de energia. Ele ressaltou que os números do Caged "não são absolutos", pois não levam em conta empregos temporários.
- O Brasil não é uma ilha. A queda na geração de empregos decorre dos efeitos da crise financeira internacional, que gerou desaquecimento no mundo inteiro. Apesar de tudo, o Brasil apresentou um saldo positivo.