Título: Após internação à força, histórias distintas de dois dependentes
Autor: Uribe, Gustavo
Fonte: O Globo, 27/01/2013, País, p. 8

Ex-atleta se livrou do crack, mas administrador luta até hoje contra o vício

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Ajuda. Mãe conversa com filho viciado em crack, que está em tratamento

Marcos Alves

SÃO PAULO Promessa da Seleção Brasileira de Beisebol, X viu seu sonho desmoronar no resultado do exame antidoping para os Jogos Pan-Americanos de 1999. O teste mostrou indícios de cocaína em sua urina e ele foi expulso da equipe. Para financiar o vício, que chegou ao crack, roubou a própria mãe, entrou para o tráfico e gastou cerca de R$ 10 mil na cracolândia. Com a internação involuntária, está há dois anos livre das drogas.

Nos surtos psicóticos, provocados pelo crack, o administrador Y, ex-nadador, achava que era perseguido por policiais e temia entrar em sua própria casa. Com histórico de três internações, seus familiares decidiram interná-lo contra a sua vontade. Mas a quarta passagem por uma clínica de reabilitação não foi suficiente para livrá-lo da dependência química.

A internação forçada nem sempre é garantia de sucesso. Em São Paulo, onde foram realizadas 5,3 mil internações involuntárias em 2012, esses dois homens com destinos promissores tomaram caminhos diferentes após serem levados à força para clínicas de reabilitação. Em média, um viciado em crack passa por quatro internações antes da recuperação.