Título: Renan mantém candidatura, apesar de pressão
Autor: Krakovics, Fernanda
Fonte: O Globo, 30/01/2013, País, p. 14

Senadores do PSDB e da base do governo, mas de atuação independente, estão usando a denúncia feita pela Procuradoria Geral da República (PGR), na última sexta-feira, contra o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), para tentar minar sua candidatura à presidência do Senado. Alegam que a imagem da instituição sofrerá desgaste. Renan é acusado de ter usado notas frias para justificar seu patrimônio. Ainda assim, continua favorito ao cargo, com apoio não só da cúpula do PMDB, mas da maioria da bancada. A eleição será sexta-feira.

Como, por tradição, o PMDB tem direito à presidência do Senado por ser a maior bancada, a estratégia dos tucanos é pressionar os peemedebistas a lançar outro nome ao cargo. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) defender essa posição publicamente, em Belo Horizonte, anteontem. Como não está nos planos de Renan abrir mão da candidatura, os tucanos dirão que se sentem, então, liberados para apoiar outro nome, que deve ser do senador Pedro Taques (PDT-MT). A bancada do PSDB anunciará sua posição amanhã.

- O fato que levou Renan a renunciar à presidência do Senado voltou (a denúncia da PGR), e isso pode significar um calvário para a instituição. É um sangramento que se restabelece - disse ontem o líder do PSDB, senador Álvaro Dias (PR).

A oposição não está unida. O DEM ainda vai se reunir, mas seu líder, o senador Agripino Maia (RN), defende que o partido respeite a proporcionalidade e vote no PMDB para comandar o Senado.

O presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), tentou minimizar a denúncia feita pela PGR e disse que não há provas contra Renan:

- É muito comum quem já foi presidente da República ou presidente de algum Poder, como foi o Renan, ter denúncia. Não há prova nenhuma.

No momento, o principal problema na bancada do PMDB no Senado é a disputa pela liderança, entre os senadores Eunício Oliveira (CE) e Romero Jucá (RR). Eles afirmam, no entanto, que isso não ameaça a candidatura de Renan.

- Estamos fechados com Renan - disse Jucá.

Manifestantes que organizam na internet um abaixo-assinado contra a recondução de Renan à presidência do Senado programaram para hoje à tarde uma lavagem simbólica da rampa do Congresso. Segundo a organização do movimento, o documento conta com mais de 16 mil assinaturas.

Renan chegou ontem em Brasília e, mesmo em Alagoas, vinha fazendo intensa campanha nos bastidores. Ele participou ontem de almoço na casa do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), com senadores de diferentes partidos; o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS); e o vice-presidente da República, Michel Temer. Ele não quis falar com a imprensa.