Título: Sem previsão para levar caso a plenário
Autor: Carvalho, Jailton de; Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 02/02/2013, País, p. 5

O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do inquérito em que o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) é acusado de peculato, falsidade ideológica e uso de documentos falsos, disse que não tem previsão de quando levará o caso ao plenário do tribunal.

A denúncia do procurador Roberto Gurgel chegou ao STF semana passada. Agora, Lewandowski precisa elaborar voto com sua posição sobre os argumentos de Gurgel. Se ele for a favor da abertura de processo penal, e o plenário concordar, Renan passará à condição de réu.

- Esse é um processo que será examinado normalmente, dentro do cronograma de exame dos demais processos que tenho em meu gabinete. Não tenho o menor prognóstico - disse Lewandowski, na primeira sessão do STF no ano.

O ministro descartou a hipótese de revogar o segredo de Justiça no caso. Ele argumentou que há dados bancários e fiscais no processo que são protegidos constitucionalmente:

- Houve quebra de sigilo fiscal e bancário e é preciso, tanto nesse caso, como no de qualquer outro cidadão, que se proteja a privacidade das pessoas envolvidas. Isso é da Constituição.

Lewandowski disse que ainda não examinou a denúncia apresentada pelo procurador e que não sabe se o documento já chegou a seu gabinete. O inquérito contra Renan chegou ao STF em agosto de 2007. A manifestação do procurador era aguardada desde fevereiro de 2012:

- Conheci o processo quando ainda estava muito incipiente. Simplesmente determinei algumas diligências pedidas pelo procurador-geral. Não tenho conhecimento maior sobre o processo, sobretudo depois que essas diligências foram realizadas. Vou examinar agora com calma, com tranquilidade. O próprio procurador disse que é um processo extremamente complexo e volumoso.

O inquérito é fruto de escândalo de 2007, com suspeitas de que contas da jornalista Mônica Veloso, com quem Renan tem uma filha, eram pagas por lobista da Mendes Júnior. O senador negou as acusações, mas deixou a presidência do Senado.