Título: Denúncias de Valério contra Lula serão analisadas pelo MP em SP
Autor: Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 02/02/2013, País, p. 8

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse que vai enviar até segunda-feira à Procuradoria da República em São Paulo o depoimento em que Marcos Valério acusa o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ter recebido dinheiro do mensalão. Como Lula não tem direito a foro especial, os procuradores devem enviar o caso para a primeira instância da Justiça. Segundo o procurador, o documento tem "três ou quatro páginas".

- Se não for hoje (ontem), talvez eu envie na segunda-feira. Não posso fazer juízo (sobre o teor do depoimento) - afirmou Gurgel.

Valério prestou depoimento em setembro do ano passado à Procuradoria Geral da República. Como o julgamento do mensalão já estava em curso, não foi possível inserir o novo documento no processo.

valério cita pagamentos a freud godoy

Gurgel disse que não fez qualquer recomendação aos procuradores de São Paulo. Ele explicou que, normalmente, o Ministério Público faz uma análise preliminar sobre o caso, antes de mandar para a Justiça:

- Normalmente, é feita análise preliminar, mas depende de cada colega.

Segundo o procurador, no depoimento Marcos Valério cita dois pagamentos que teria feito a Freud Godoy, então assessor da Presidência da República. A CPI dos Correios comprovou o depósito de R$ 98,5 mil de Marcos Valério para a empresa Caso, de propriedade de Godoy. A CPI também detectou um pagamento feito pela SMP&B, uma das agências de publicidade de Valério, à empresa de Godoy.

A procuradoria não divulgou o teor do depoimento. Segundo o jornal "O Estado de S. Paulo", Valério disse ao Ministério Público que Lula autorizou que o PT tomasse empréstimos dos bancos Rural e BMG para irrigar o valerioduto. O então presidente teria recebido R$ 100 mil para o pagamento de despesas pessoais por meio da empresa Caso, de Freud Godoy.

Gurgel explicou que, antes de encaminhar as investigações para a procuradoria em São Paulo, analisou se havia indício de participação de pessoas com prerrogativa de foro. Se houvesse envolvimento de parlamentares ou ministros de Estado, por exemplo, o caso seria enviado ao STF. Como Valério não envolveu autoridades, o assunto deve ficar a cargo da primeira instância do Judiciário.