Título: Parlamentares esperam ter maior poder de barganha
Autor: Gama, Júnia; Krakovics, Fernanda
Fonte: O Globo, 05/02/2013, País, p. 8

Entre parlamentares da base governista e mesmo em parte da oposição, o clima é de comemoração com a nova configuração do Congresso. Ter as duas Casas comandadas por parlamentares importantes do PMDB e líderes com perfis mais beligerantes dará maior poder ao Legislativo diante do Executivo. Apesar de muitos não admitirem oficialmente, essa é a aposta de senadores e deputados que, mesmo pertencendo ao PT ou a legendas de apoio ao governo, estão mais preocupados em recuperar poder de barganha do que em viabilizar a gestão da presidente Dilma Rousseff.

Reservadamente, um deputado da cúpula petista afirma que, com parlamentares como Eduardo Cunha (RJ), o novo líder do PMDB, e Anthony Garotinho (RJ), novo líder do PR, será mais fácil obrigar Dilma a fazer política. Leia-se: satisfazer os interesses dos parlamentares.

- Dilma precisa mesmo fazer mais política, 100% da bancada do PT têm queixas de que não é atendida. Ser líder do governo tornou-se o emprego com maior insalubridade no Brasil. Nem sempre a agenda dessas figuras do PMDB é a nossa, sabemos que eles têm interesses próprios, mas é bom ter deputados mais "marrentos" no comando. Tem uma torcida surda por eles aqui na Câmara. Dilma é muito irascível, vai ter que aprender na marra a ter mais conversas com todos os segmentos, até porque, no ano que vem, vai disputar a reeleição - afirma esse petista.

Garotinho deixou claro que o Palácio do Planalto não deverá esperar facilidades. Apesar dos movimentos do PR para voltar a integrar a base governista em troca de um lugar na Esplanada, Garotinho afirma que não haverá alinhamento automático com o governo.

- Esse é um momento de recuperação da imagem institucional do Legislativo. Vamos aproveitar para fazer uma pauta que seja da sociedade, e não do governo. Nós, os novos líderes, temos perfis diferentes, mas nossos fins podem ser iguais. Não existe chantagem, mas isso é uma casa política. Há muita insatisfação dos partidos com o governo. A presidente Dilma precisa ter ministros mais atenciosos, mais políticos, gente que seja bombeiro. Ela tem que saber que o quadro de hoje não é o mesmo de dois anos atrás. É bem diferente - disse Garotinho, numa referência indireta ao "jeito Lula" de fazer política.