Título: Emprego na indústria recua 1,4% em 2012, pior taxa desde 2009
Autor: Spitz, Clarice
Fonte: O Globo, 09/02/2013, Economia, p. 22

O emprego industrial fechou 2012 com recuo de 1,4%, o pior resultado desde 2009, quando a queda havia sido de 5%. Acompanhando - mesmo que com menor intensidade - o ritmo da produção, que registrou queda de 2,7%, o fechamento de postos de trabalho foi disseminado por setores e regiões, e não refletiu a desoneração da folha de pagamentos, segundo o IBGE. São Paulo (-2,6%) foi o principal impacto negativo no total da indústria. No Rio, o emprego industrial caiu 0,8%. Setorialmente, as contribuições negativas mais relevantes sobre a média nacional vieram de vestuário (-8,9%), calçados e couro (-6,2%) e têxtil (-5,9%).

- Houve um perfil bem disseminado e não conseguimos observar, pelos resultados, impactos mais acentuados em função da desoneração da folha de pagamento - disse André Macedo, gerente da pesquisa.

Segundo Macedo, as variações no mercado de trabalho normalmente são menores que as da produção porque levam em conta uma série de custos e a possibilidade de perda de uma mão de obra já treinada.

Por outro lado, o valor da folha de pagamento real da indústria, que inclui participação sobre os lucros e 13º salário, cresceu 4,3% em 2012 em relação a 2011. Todas as 14 regiões pesquisadas tiveram desempenho positivo, com destaque para São Paulo, com alta de 2,6%.

- Existe uma recomposição da renda, embora isso não tenha se refletido na manutenção de postos de trabalho.

No índice acumulado no ano, o valor da folha de pagamento real avançou em 15 das 18 atividades pesquisadas, impulsionado, principalmente, pelos ganhos vindos de alimentos e bebidas (9,6%) e máquinas e equipamentos (6,1%). Já os setores de vestuário (-2,7%) e madeira (-1,6%) exerceram influências negativas sobre o total nacional.

O índice de horas pagas na indústria, que costuma ser um antecedente de contratações, acumulou recuo de 1,9% em 2012, com 14 dos 18 setores pesquisados com taxas negativas.

Na média de todos os setores, a taxa de desemprego deve apresentar pequeno aumento em janeiro, segundo o Indicador Coincidente de Desemprego (ICD) divulgado ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV). O índice teve alta de 2,7% em janeiro em comparação a dezembro, indicando que a taxa de desemprego medida pelo IBGE nas seis principais regiões metropolitanas do país, de 4,6% em dezembro, deve apresentar alta no início deste ano. Mas essa piora deve se restringir ao primeiro trimestre, segundo o pesquisador da FGV Fernando de Holanda Barbosa Filho. Ele, no entanto, não espera uma retomada no emprego industrial a ponto de puxar para baixo a taxa de desemprego:

- Há boa chance de a taxa de desemprego médio ficar abaixo de 5,5% em 2013.