Título: Mesmo com alta menor do mínimo, serviços devem subir como em 2012
Autor: Oliveira, Eliane; Bonfati, Cristiane
Fonte: O Globo, 13/02/2013, Economia, p. 19

Após subir 0,92% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em janeiro, os serviços devem continuar pressionando a inflação este ano, a ponto de o economista Fábio Romão, da LCA Consultoria, prever que o cenário para os preços do setor piora bastante até o meio do ano, chegando perto de 9%, antes de melhorar no segundo semestre. A projeção para o ano está entre 8% e 8,5%, perto dos 8,74% registrados em 2012, mesmo com o salário mínimo subindo 9%, abaixo dos 14% do ano passado.

- Devemos chegar em junho com a inflação dos serviços beirando os 9%, mas vai subir menos a partir do meio do ano.

Elson Teles, do Itaú, também acredita que esses preços subam de 8% a 8,5% ao fim de 2013. Para os próximos meses, as projeções para a categoria chegam a 1,30% em fevereiro (puxada pelos gastos com educação de janeiro), 0,5% em março e 0,65% em abril.

O mesmo raciocínio é seguido por Felipe Tâmega, economista-chefe do Modal. Ele também projeta o acumulado dos serviços entre 8% e 8,5% e alerta para o chamado "efeito farol", quando os reajustes no mínimo começam a ter um impacto maior em todos os salários. Para ele, os preços dos serviços continuarão pressionados, ainda pelos reajustes maiores em 2012, pois há uma defasagem.

- A inflação de serviços é muito inercial. Demora para cair e não responde tão rapidamente a ações de política monetária - explica Tâmega.

A previsão que mais destoa é do economista André Perfeito, da Gradual Investimentos. Segundo ele, a inflação do grupo deve fechar o ano em 5,1%. Perfeito diz que a projeção vem de perspectiva negativa para o crescimento econômico. Ele cita a diminuição do ritmo de criação de empregos formais e uma projeção modesta para o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país):

- Prevemos crescimento de 2,8% para o PIB. Já vemos a indústria demitindo mais, os reajustes serão cada vez menores.

Especialistas dizem que a inflação dos serviços é puxada pelo aumento da demanda, com os reajustes de salário acima da inflação. Irene Machado, gerente do IPCA, diz que a alta dos serviços tem sido uma tendência nos últimos meses.

- Esse é um movimento puxado principalmente pela demanda. No caso da alimentação fora, por exemplo, o aumento da renda é importante para essa pressão - explica Irene, que destaca também o aluguel residencial e empregado doméstico.