Título: Indústria comanda a volta do emprego
Autor: Takahashi, Paula
Fonte: Correio Braziliense, 21/10/2009, Economia, p. 13

Setor avança para nível pré-crise e país deve atingir 1 milhão de novas vagas no ano

Gabriel Temponi, analista de marketing: oportunidades na crise

Principal responsável pela geração de empregos formais em setembro, com 123,3 mil dos 252,6 mil novos postos de trabalho, a indústria bateu recorde na abertura de vagas em toda a série histórica do Cadastro de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, iniciada em 1999. Agora, caminha para atingir os níveis de empregabilidade do período pré-crise. No balanço geral do mercado de trabalho, o saldo de vagas no país foi o melhor resultado do ano e o segundo mais alto para o mês. Segundo especialistas, a indústria, que acumula 210,1 mil novos postos de trabalho desde novembro de 2008, deve superar, no primeiro semestre de 2010, as mais de 501 mil vagas eliminadas até março.

¿No segundo semestre do ano que vem, já será possível falar em saldo positivo de vagas na indústria¿, avalia Osmani Teixeira de Abreu, presidente do Conselho de Relações do Trabalho da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg). Mais de 50% das vagas geradas na indústria em setembro vieram do setor de alimentos e bebidas, que alcançou o segundo melhor saldo para a série.

O estudante de administração, Gabriel Temponi, a pouco mais de um ano da formatura, já comemora o espaço que garantiu como analista de marketing no quadro de funcionários da Coca-Cola. ¿Em períodos de crise, surgem também oportunidades, principalmente porque as empresas estão em busca de rentabilidade maior com custos reduzidos, e o mercado está bem aquecido nesse setor¿, avalia. A empresa anunciou crescimento de 3% no terceiro semestre e confere o bom resultado ao forte desempenho dos mercados emergentes, em especial o brasileiro, indiano e chinês. ¿Só em 2009 estão sendo investidos R$ 1,75 bilhão, 17% a mais que no ano anterior¿, anunciou o presidente da Coca-Cola Brasil, Xiemar Zarazúa.

Saldo Enquanto a indústria inicia o processo de retomada do crescimento, o mercado de trabalho brasileiro comemora o saldo positivo de 236,9 mil vagas com carteira assinada, acumulado desde novembro de 2008. A Consultoria Tendências confirma a expectativa do governo federal de fechar 2009 com mais de 1 milhão de novos postos de trabalho no mercado formal, impulsionados principalmente pelos setores de serviços, comércio e também pela indústria.

Os resultados, porém, podem não ficar tão evidentes nos dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que será divulgada amanhã. Isso porque o bom momento do mercado de trabalho brasileiro está levando a uma busca maior por novas oportunidades. ¿Com mais pessoas procurando uma vaga, a pressão sobre o mercado será maior e as taxas de desemprego podem aumentar. De qualquer forma, a taxa de ocupação continuará crescendo, mas não o suficiente para absorver a nova mão de obra¿, avalia Ariadne Vitoriano, analista da Tendências. A expectativa da consultoria é de que a taxa de desemprego em setembro chegue a 8,2%, praticamente estável em relação aos 8,1% do mês anterior.

¿O ano deve fechar com uma taxa de 8,3% com ajuste sazonal. O que se percebe é uma clara recuperação da economia brasileira, o que não acontece, por exemplo, no mercado norte-americano, no qual prevemos sinais positivos para o emprego somente no fim do primeiro semestre de 2010¿, avalia o economista Fábio Romão, da LCA Consultoria.

Com mais pessoas procurando uma vaga, a pressão sobre o mercado será maior e as taxas de desemprego podem aumentar¿

Ariadne Vitoriano, analista da Tendências

Avanço em Brasília

Vânia Cristino

O Distrito Federal já recuperou, com folga, os empregos com carteira assinada perdidos durante a crise econômica que se abateu sobre o mercado de trabalho no fim do ano passado. Segundo os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o DF perdeu, na crise, 4.174 postos formais. Mesmo assim, 2008 fechou como o ano recorde da geração de empregos. O saldo líquido do ano foi positivo em 26.245 postos de trabalho. O acumulado de 2007 tinha sido a criação de 16.364 empregos.

Este ano, o Distrito Federal acumula, até setembro, um saldo líquido de empregos (diferença entre admitidos e demitidos) positivo em 14.829 novas vagas. No DF, a construção civil puxa a geração de empregos. Nos nove meses do ano, o setor abriu 6.590 vagas, no que foi seguido pelos serviços, com 5.007 e pelo comércio com 2.094. Especificamente em setembro, quando o Distrito Federal registrou a criação líquida de 2.089 empregos com carteira assinada, a situação se inverte um pouco. As 880 vagas abertas pelo comércio superam os postos de trabalho criados pela construção civil, 656, e também pelo setor de serviços, 642.

No Caged, não são computadas as vagas abertas pelo setor público, forte empregador do DF. Apenas os postos de trabalho do setor privado, que contratam funcionários em regime celetista, são contemplados na estatística divulgada pelo governo.