Título: Petróleo e derivados voltam a afetar a balança
Autor: Bonfanti, Cristiane
Fonte: O Globo, 14/02/2013, Economia, p. 23
Fevereiro já registra déficit de US$ 741 milhões
Após registrar em janeiro o pior resultado mensal da história, a balança comercial brasileira continuou no negativo e apresentou déficit de US$ 741 milhões nas duas primeiras semanas de fevereiro. As contas foram afetadas, mais uma vez, por uma explosão nas importações para atender a demanda interna, com destaque para as compras externas de petróleo e derivados. O déficit no ano chega a US$ 4,77 bilhões.
Segundo dados divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, nas duas primeiras semanas deste mês, as exportações somaram US$ 4,99 bilhões e as importações, US$ 5,73 bilhões. Na comparação com a média diária de fevereiro de passado, as exportações caíram 12,2%. O recuo ocorreu, sobretudo, pela venda menor de soja, petróleo e derivados, produtos metalúrgicos e materiais de transporte. As importações cresceram 11,3%. O Brasil comprou mais combustíveis e lubrificantes, cereais e produtos de moagem, adubos e fertilizantes e aeronaves e peças.
Para o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, o resultado era esperado. De um lado, a safra de soja está atrasada em relação ao ano passado, o que tem impacto negativo nas exportações de produtos básicos. De outro, além de vender menos petróleo e derivados, o Brasil compra cada vez mais esses itens de outros mercados. Na comparação com fevereiro de 2012, a média diária de exportação de petróleo e derivados caiu 50%.
- O governo está fazendo ajustes nas contas referentes a compras do ano passado. Não sabemos o que será posto (no balanço). Mas o déficit deve ficar acima de US$ 1 bilhão.
Em janeiro, a balança comercial registrou o pior déficit mensal da história, US$ 4,03 bilhões, devido ao registro tardio de US$ 1,6 bilhão em importações de petróleo e derivados pela Petrobras. Segundo o governo, ainda há US$ 2,9 bilhões da estatal que constarão na balança comercial de fevereiro e março.
Já o embargo de dez países às exportações brasileiras de carne bovina - devido à notícia de que um animal morrera do mal da vaca louca no Paraná em 2010 - não foi suficiente para derrubar as vendas do produto no mercado internacional. Ao contrário. Embora as restrições tenham sido anunciadas a partir de dezembro, as vendas externas do Brasil para os principais mercados compradores subiram, em média, 35,97% em janeiro sobre igual mês de 2012.