Título: Pesquisas apontam vitória de Rafael Correa no primeiro turno no Equador
Autor: Costa, Mariana Timóteo
Fonte: O Globo, 16/02/2013, Mundo, p. 31

Mais de 11 milhões de equatorianos devem, segundo as pesquisas de opinião, eleger amanhã Rafael Correa para um novo mandato presidencial. A vitória dará ao presidente de 49 anos a possibilidade de governar até 2017 - ou seja, ficar uma década no poder. Correa tomou posse em 2007, mas teve seu mandato de quatro anos revalidado em 2009 pela Constituição promulgada no ano anterior. Pela lei eleitoral do Equador, pesquisas de intenção de voto só podem ser divulgadas até uma semana antes da votação. Em praticamente todos os levantamentos, Correa aparece como vencedor ainda no primeiro turno: seu índice de preferência varia de 62% a 55% dos votos. Em segundo lugar está o banqueiro Guillermo Lasso, que conta com entre 13% e 20% das intenções de voto, seguido do ex-presidente Lucio Gutiérrez - aquele que, deposto em 2005, exilou-se no Brasil - e do esquerdista Alberto Acosta, antigo aliado de Correa e considerado o fator novo desta eleição. São oito postulantes no total.

Segundo analistas, no entanto, os índices de votação podem variar, já que as pesquisas no Equador geralmente são feitas nas maiores cidades, com pouca amostragem, e divulgadas muito antes da votação. Mesmo assim, o favoritismo de Correa é incontestável.

- A população é grata a ele por ter trazido maior estabilidade econômica e política ao país - diz William Lee, da Economist Intelligence Unit (EIU), lembrando que os gastos públicos triplicaram de 2007 para cá, o índice de pobreza caiu, a economia cresceu e Correa será o primeiro presidente eleito desde 1996 a concluir o mandato. - Isso faz com que a população releve decisões autoritárias e compactue com o acúmulo de poder do Executivo.

O presidente encerrou a campanha com um comício, na quinta-feira à noite, em La Michelena, bairro pobre ao sul de Quito, assegurando que a vitória ocorreria no primeiro turno.

- Aqui está a melhor resposta ante tanta manipulação midiática, de que esta foi uma campanha apática (....). Apática para os seus candidatos sem interesse, para a sua partidocracia - disse o presidente, que trava uma dura batalha contra os meios de comunicação privados do Equador.

Correa pode ficar ainda mais poderoso amanhã caso seu partido, o Aliança País, ganhe a maioria absoluta das 137 cadeiras do Congresso unicameral que estão em jogo. A maioria simples já é dele, mas a absoluta abriria caminho para a aprovação da reforma do código penal e da controversa lei de comunicação, que é barrada pelo Legislativo desde 2010.