Título: Advogado tributarista é o mais cotado para o cargo
Autor: Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 17/02/2013, País, p. 11
No meio jurídico, há pressão pela nomeação de um nordestino
-Brasília- Apesar de haver duas ações penais importantes no caminho do novo ministro, a Presidente Dilma Rousseff não tem a intenção de escolher um criminalista para a vaga do Supremo Tribunal Federal (STF). Entre os nomes mais cogitados está o do advogado tributarista Heleno Torres, ligado ao ministro Ricardo Lewandowski.
Torres é pernambucano, mas atua em São Paulo. No meio jurídico, há pressão para a nomeação de um nordestino, já que todos os integrantes da Corte são oriundos de Sudeste e Sul.
Antes de se tomar ministro, Ayres Britto era advogado e atuava em Sergipe, onde nasceu.
O novo ocupante da cadeira no Supremo chegará com o peso político de ter sido nomeado por uma presidente do PT e com a responsabilidade de relatar a ação penal contra um político tucano acusado no mensalão mineiro.
O processo cairá nas mãos do novo ministro por conta da troca de cadeiras no STF. A da dança dos processos funciona assim: quando um ministro assume a presidência do tribunal, deixa seu estoque para o ministro que o antecedeu no cargo. No caso, os processos de Barbosa deveriam ser transferidos ao gabinete de Ayres Britto, se ele não tivesse se aposentado enquanto era presidente do STF. Agora, a missão de julgar o estoque de Barbosa será do próximo escolhido por Dilma para integrar uma das 11 cadeiras da Corte.
Como Barbosa levou sua equipe para auxiliá-lo na presidência, o novo ministro do STF ainda não tem equipe. Deverá contar com a colaboração dos servidores que auxiliavam Ayres Britto — que, por sua vez, não estão familiarizados com o teor dos processos sob relatoria de Barbosa. Ou seja: será um ministro novato, com milhares de processos estranhos aos servidores de sua equipe.
Os servidores que atuavam no gabinete de Ayres Britto já estão no gabinete deixado por Barbosa, trabalhando nesses e em outros processos deixados pelo atual presidente do STF. Quando assumir o cargo, o novo ministro poderá manter a equipe ou requisitar outros servidores para o gabinete. A assessoria de imprensa do tribunal confirmou que o novo ministro ficará no gabinete antes ocupado por Barbosa, mas não informou quantos servidores estão trabalhando nos processos.
Hoje, existem 67.692 processos sob a responsabilidade de ministros do STF. O gabinete com menos processos é o de Cármen Lúcia, com 3.852 ações. Também merecem destaque as prateleiras de Lewandowski, que têm 4.034 processos aguardando decisão.