Título: Pesquisa: 20% das vítimas de acidente ingeriram álcool
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Fonte: O Globo, 20/02/2013, País, p. 11

Uma em cada cinco vítimas de acidentes de trânsito atendidas em prontos-socorros do país ingeriu algum tipo de bebida alcoólica, aponta levantamento divulgado ontem pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Deste grupo, 22,3% são motoristas, 21,4% pedestres e 17,7% passageiros. Para o ministro, a relação entre bebida e acidente é direta e tem alto custo social e financeiro para o país. Em 2011, ano da coleta de dados para a pesquisa, o governo gastou R$ 200 milhões só com internações de vítimas de desastres de carro.

O Brasil está em quinto lugar do ranking mundial de violência em ruas e estradas. No mesmo ano do levantamento, o ministério registrou 42.425 mortes provocadas em acidentes no país. É um massacre maior do que qualquer guerra em curso. Para Padilha, essa tragédia tem que ser contida com a continuidade das campanhas educativas, com leis rigorosas e a forte fiscalização das autoridades de trânsito.

- Dados apontam que os estados que apertaram ações de blitz em função da Lei Seca conseguiram redução de internações e acidentes - disse o ministro.

Para identificar a relação entre o uso de bebidas alcoólicas e acidentes de trânsito, equipes de profissionais contratadas pelo ministério entrevistaram 47.455 mil vítimas de acidentes em 71 serviços de urgência e emergência de hospitais de todas as capitais do país em 2011. Os dados foram analisados no ano passado e divulgados ontem. O levantamento do ministério faz parte do programa Viva (Vigilância de Violência e Acidentes). O estudo também mostra os vínculos entre o álcool e brigas. Pelos dados da pesquisa, 49% das pessoas que sofreram agressão consumiram algum tipo de bebida alcoólica.

O estudo mostra ainda que 56% das vítimas de agressão e 39,3% das vítimas de acidentes têm entre 20 e 39 anos de idade, faixa etária em que as pessoas estão em plena capacidade de trabalho e de participação na renda da família. Durante a entrevista, Padilha e o ministro interino das Cidades, Alexandre Macedo, criticaram o uso de aplicativos da internet por motoristas interessados em descobrir e escapar de fiscalizações das polícias e dos agentes de trânsito. Segundo Macedo, um grupo do ministério está fazendo estudos para enfrentar manobras dessa natureza:

- Somos contra esses aplicativos. A principal coisa (a fazer) é uma alteração legislativa.